Viver sem ler é perigoso.

Resenha || A Guerra Que Salvou a Minha Vida



  Título do Livro: A Guerra Que Salvou a Minha Vida
  Autor: Kimberly Brubaker Bradley
  Editora/Tradução: DarkSide Books/Mariana Serpa Vollmer
  Páginas: 240
  Ano de Publicação: 2017
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  Livro cedido em parceria com a editora.


Sinopse “A Guerra que Salvou a Minha Vida é um daqueles romances que você lê com um nó no peito, sorrisos no rosto e – entre um parágrafo e outro – lágrimas nos olhos. Uma obra sobre as muitas batalhas que precisamos vencer para conquistar nosso lugar no mundo. Ada tem dez anos (ao menos é o que ela acha). A menina nunca saiu de casa, para não envergonhar a mãe na frente dos outros. Da janela, vê o irmão brincar, correr, pular – coisas que qualquer criança sabe fazer. Qualquer criança que não tenha nascido com um “pé torto” como o seu. Trancada num apartamento, Ada cuida da casa e do irmão sozinha, além de ter que escapar dos maus-tratos diários que sofre da mãe. Ainda bem que há uma guerra se aproximando. Os possíveis bombardeios de Hitler são a oportunidade perfeita para Ada e o caçula Jamie deixarem Londres e partirem para o interior, em busca de uma vida melhor.” 

A Guerra Que Salvou A Minha Vida é um livro publicado por Kimberly Bradley em 2015, arrebanhando desde então uma série de prêmios e indicações, muito bem aclamado pela crítica. Para você ter uma ideia, a média da obra no Goodreads está em 4,4. Tornou-se leitura obrigatória em muitas escolas pelo mundo – aliás, não acho que seria má ideia adotá-lo no Brasil também. É um livro que trata sobre diversos temas, envolvendo preconceitos e até uma pitadinha de sexualidade (explico no final do texto porque acho isso).
Ada Smith é uma inocente garotinha de dez anos – ou talvez onze ou doze, mas com certeza não catorze. Outrora, seu mundo sempre se resumiu ao que conseguia ver da janela de sua casa, e o horizonte que se estendia até perder de vista era tudo o que conhecia. Vivia uma vida miserável, mas sem saber o quão miserável era. Aprisionada dentro do próprio lar e do próprio corpo, vivia com uma mãe que não apenas não a queria, como também tinha nojo da filha que colocara no mundo. Todo aquele preconceito, desprezo, humilhação, ódio, pavor e abuso psicológico eram parte da rotina de Ada, nesta obra inicialmente ambientada em uma Londres não muito bonita, lá em 1939.

Detalhes: a folha de guarda imita a rachadura na parede sobre a qual Ada comenta no livro 
Acontece que Hitler e sua Segunda Guerra Mundial parecem se aproximar cada vez da cidade, onde Ada e sua família residem. Ironicamente, é com a iminência da guerra que Ada consegue alcançar sua própria liberdade. Ela toma conhecimento de que todas as crianças serão levadas embora para o interior por conta da ameaça de bombardeio em Londres, e mesmo que sua mãe diga que ela não irá, Ada resiste. A garota, que nasceu com uma doença congênita vulgarmente conhecida como "pé torto" (e por isso é desencorajada a sair de casa e até, em última instância, a viver), decide por conta própria arriscar os primeiros passos. Acostumada a rastejar pelo apartamento, até suas costas doem quando fica ereta, mas entre tantas palavras que Ada não conhece, "desistência" nem passa perto de sua cabeça. Depois de muito sangue, feridas abertas e uma dor que quase a parte no meio, a menina parece estar pronta.
Quando os trens chegam para levar as crianças embora, Ada, agora arriscando passos incertos e dolorosos, embarca com seu irmão de seis anos, Jamie, sem o conhecimento da mãe. Cruel e brutal, a Mãe nunca deixaria que a filha defeituosa e "porcaria" fosse junto com as outras pessoas normais. Afinal, Ada era uma aberração. Um erro da natureza. Marcada por culpa própria com um pé defeituoso, que se arrastava pelo chão como o verme que de fato era – pelo menos assim a Mãe queria fazê-la crer. E Ada acreditava.

“Deixa de insolência”, ela disse. Sua boca se contorceu no sorriso que me apertava as entranhas. “Você não pode ir embora. Nunca vai poder. Está presa aqui, bem aqui nesta casa, com ou sem bombas.



Ada e Jamie desembarcam em um interior da Inglaterra como crianças evacuadas. Todos aqueles meninos e meninas de Londres maltrapilhos e fedidos não agradam os moradores do interior, mas esses dois, especialmente, são deixados por último porque ninguém quer levar Jamie e, a tiracolo, Ada. Lady Thorton, coordenadora do Serviço Voluntário Feminino, não tem muita opção senão alocá-los com Susan Smith – uma mulher que parece tão disposta a aceitá-los como aceitaria cuidar de uma dupla de gambás.
Mas, claro, as coisas mudam. Ada encontra no interior uma vida que não imaginava sequer existir, quanto mais ser sua. Jamie, Susan e a garota viram uma família, mas Ada recusa-se a acreditar que é amada simplesmente porque não conhece o amor. Cheia de traumas causados pelos abusos psicológico e físico provocados pela Mãe, não vai ser tão fácil assim fazê-la entender que não é uma aberração, que seu "pé feio" não a torna indigna de viver. Mas Deus sabe como Susan a ama e fará com que se sinta amada, bem como Jamie.

“Era como se eu tivesse nascido ali na vila. Como se tivesse nascido com os dois pés bons. Como se fosse realmente importante e amada.”



Este não é um livro sobre a Segunda Guerra Mundial. É uma ficção que a utiliza como plano de fundo, para dessa forma apresentar a guerra que realmente assola a vida de Ada  aquela contra a Mãe e todos os meios e anseios que a assolam. Ainda assim, dá um calorzinho no coração ver um evento tão trágico ser utilizado de modo a proporcionar uma coisa boa, ainda que seja fictício. A Guerra Que Salvou A Minha Vida não tem um final exatamente feliz, e sim agridoce, repleto daquele sentimento que nos arrebata a alma e faz com que fiquemos meio melancólicos, como se ao virar a última página, algo ficasse faltando dentro da gente depois.
A narração toda é feita pela Ada Smith, e é muito convincente em mostrar para o leitor todos os anseios que permeiam o coração de uma menina nova demais para suportá-los. As cenas que envolvem Manteiga, o cavalo que se torna o refúgio de Ada, são as melhores para mostrar a sua persistência e insistência em nunca desistir. A inocência com que encara a própria condição – "aleijada", como sempre ouviu – contrasta com a maturidade que precisa ter para cuidar do irmão mais novo e aguentar a guerra.


“Vai cavalgar o Manteiga quando chegar em casa?”
“Acho que sim. Ainda não consigo fazer ele trotar.”
“Persistência. É o que a Lady Thorton diz.”

Eu tinha perguntado. Persistência era não desistir de tentar.

Sobre a questão da sexualidade que comentei acima, os meninos chegam a Susan num momento em que ela está bem fragilizada por conta da morte da moça com quem residia, a Becky (a quem pertencia o Manteiga). Você verá que Susan deixa nas entrelinhas que talvez tenha havido um relacionamento amoroso entre as duas, embora não afirme isso. Foi o que entendi, pelo menos. Enfim eu não li todos os livros do selo #DarkLove, mas entre os que li, esse com certeza consegue ser o melhor.

“Eu nunca quis ter filhos porque a gente não pode ter filho sem se casar, e eu nunca quis me casar. Quando a Becky morava aqui comigo, eu era a pessoa mais feliz do mundo. Não teria trocado aquilo por nada, nem por filhos.”


Agora uma seçãozinha para mostrar a vocês o quanto de amor veio no pacotinho que entregou esse livro lindo na minha casa. Derreti sim!

Olha só quanta coisa!

Em breve num quadro bonitão pra se tornar parte do meu quarto <3

O kit mais necessário que você respeita! Uma alusão à atividade que Ada tenta dominar <3

Também veio com três fotos dessa, tiradas realmente na Segunda Guerra Mundial.

💓


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