Resenha || Os encantos do Circo Mecânico Tresaulti (+ sorteio)
Título do Livro: O Circo Mecânico Tresaulti
Autor: Genevieve Valentine
Editora/Tradução: DarkSide Books/Dalton Caldas
Páginas: 320
Ano de Publicação: 2016 (Limited Edition)
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Livro cedido em parceria com a editora.

Sinopse Respeitável público, sejam bem vindos ao incrível Circo Mecânico Tresaulti, o lugar para quem acredita no mundo mágico que nos rodeia. Permita-me conduzi-lo por uma viagem única através da luz e das sombras onde descobriremos juntos uma nova forma de ver tudo e a todos. Onde não existe limite entre o picadeiro e a plateia, onde tudo é real e o único limite é a nossa vontade de sonhar.
Quando comecei a ler O Circo Mecânico Tresaulti, eu não sabia muito bem o que esperar. Ainda que não tivesse a mínima ideia sobre a trama, no entanto, minha certeza era de que eu precisava lê-lo como meu primeiro steampunk. Fiquei apaixonada pela capa antiga há um ano, logo quando o vi, e a obra tornou-se uma das que eu mais queria ter na estante – e no coração.
O espetáculo (o livro sem si) começa com outro espetáculo. Seu primeiro contato com o Tresaulti é através dos olhos de Little George. Ele é o garoto que cola o cartaz do Circo nos muros das cidades – muros bombardeados de cidades sobreviventes à uma guerra nuclear que apagou fronteiras, além de ter transformado o mundo todo num lugar desolado e desprovido de esperança. O Circo existe, persiste e sobrevive sob a gerência de Boss, uma mulher firme e resignada, mãe de crianças órfãs e ex-soldados, mãe do Tresaulti e de seus milagres... Sendo o maior deles conseguir colocar sorrisos no rosto de um povo que não tem motivos para fazê-lo. Tresaulti tornou-se a luz no meio da escuridão de um mundo devastado pela guerra e ganância.
O Circo, com sua tenda, caminhões e trailers, é um personagem à parte. É o abrigo da equipe (pessoas normais que vêm e vão) e daqueles que têm os ossos (são eternos, são atrações, são o verdadeiro Tresaulti). Boss os transformou, colocou metal em seus ossos e tornou-os imortais após terem morrido. Em momento algum é explicado o poder que ela tem: um dia, quando houve a necessidade, ele estava ali. A história é sobre ela, sobre eles, sobre ele – o Circo Mecânico Tresaulti.
É irônico que um dos personagens mais presentes no livro seja aquele que está irremediavelmente morto (o que não é spoiler, já que Little George fala sobre isso desde o começo). Alec – O Homem Alado personifica a depressão e Genevieve Valentine mostra, de forma sutil, que as pessoas mais improváveis podem ser acometidas pela doença e que é importante estar atento aos sinais. Evidencia, também, o impacto que o último estágio da depressão produz na vida de quem está ao redor do doente. O cotidiano do Tresaulti é um constante reflexo do que aconteceu naquele dia fatídico. E enquanto sobrevivem, os irmãos Grimauldi, Elena e suas trapezistas, as bailarinas, Panadrome, Bird e Stenos, Boss e Little George, Ayar e Jonah levam o Circo pelo mundo, tentam superar os traumas do passado e mantêm-se o mais distante possível dos homens do governo e de sua ganância – aqui você entende que o que Boss faz não é exatamente um crime, mas é incomum, e o incomum costuma atrair a curiosidade de quem está no poder. Os personagens são tão individualizados que, ainda que muitos, você não os confunde: todos amadurecem, especialmente Little George, e são pessoas – ou são máquinas? – conformadas com a vida que lhes pertence.
Nós somos o circo que sobrevive.
O espetáculo (o livro sem si) começa com outro espetáculo. Seu primeiro contato com o Tresaulti é através dos olhos de Little George. Ele é o garoto que cola o cartaz do Circo nos muros das cidades – muros bombardeados de cidades sobreviventes à uma guerra nuclear que apagou fronteiras, além de ter transformado o mundo todo num lugar desolado e desprovido de esperança. O Circo existe, persiste e sobrevive sob a gerência de Boss, uma mulher firme e resignada, mãe de crianças órfãs e ex-soldados, mãe do Tresaulti e de seus milagres... Sendo o maior deles conseguir colocar sorrisos no rosto de um povo que não tem motivos para fazê-lo. Tresaulti tornou-se a luz no meio da escuridão de um mundo devastado pela guerra e ganância.
O Circo, com sua tenda, caminhões e trailers, é um personagem à parte. É o abrigo da equipe (pessoas normais que vêm e vão) e daqueles que têm os ossos (são eternos, são atrações, são o verdadeiro Tresaulti). Boss os transformou, colocou metal em seus ossos e tornou-os imortais após terem morrido. Em momento algum é explicado o poder que ela tem: um dia, quando houve a necessidade, ele estava ali. A história é sobre ela, sobre eles, sobre ele – o Circo Mecânico Tresaulti.
É irônico que um dos personagens mais presentes no livro seja aquele que está irremediavelmente morto (
(...) Todos podem ver que as asas não são realmente uma máquina. Elas são arte; elas são habilidade; elas são a prova de que o mundo não abandonou a beleza.
A narração é singela e diferente de tudo que já vi. Tem uma poesia que suspeito que só Genevieve possui. Oscila entre a primeira e a terceira pessoa, e de vez em quando até a narração em segunda pessoa aparece. Quando não é Little George, tem-se um narrador onisciente e onipresente. O tempo só fica linear no final, pois antes disso há uma mistura do presente com o passado – mas você não confunde, pois está encantado e quer entender cada vez mais. Há observações entre parênteses que casaram muito bem com o texto, e minhas partes favoritas são aquelas que se iniciam com “Isto é o que...”, pois costumam iniciar capítulos que mostram algo do passado ou que acabou de acontecer sob a perspectiva da outra parte.
Isto é o que acontece quando você está prestes a morrer: (...) Você esquece onde está. Acha que é primavera. Você não fugiu de uma cidade cheia de soldados e mentirosos e deixou sua chefe para trás. Você nunca nem viu um circo.
Não espere um final feliz. Temos aqui um desfecho agridoce, que até acalenta seu coração, mas o deixa com um nó na garganta. Destaque para a história de Bird e Stenos, que é a mais tristemente bela que li esses tempos. Quando você se depara com os personagens sendo descritos logo no começo do livro, você pouco se importa – mas no final já os conhece e eles são sua família, você é da família e é o Circo Mecânico Tresaulti também.
Em resumo, posso dizer com segurança que esse é um livro fantástico que todos deveriam ler ao menos uma vez na vida. Mostra uma perspectiva diferente da depressão, das adversidades encontradas em uma família (e como enfrentá-las), dos limites que o amor é capaz de impor (mesmo quando você não quer reconhecer que o sente) e do quanto a vida pode ser dura e amadurecer deixa de ser uma escolha. E talvez, só talvez, o livro tenha sido escrito para uma leitura... Porque, assim como o Circo Mecânico Tresaulti, que a maioria das pessoas vê apenas uma vez na vida, é uma obra única.
A maioria das pessoas não vive o suficiente para ver o circo duas vezes. Estes são tempos exaustivos.
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