Me Livrando 25: O Rei do Inverno - As Crônicas de Artur I
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Arte de Flávio Ribeiro. |
A primeira coisa a ressaltar sobre este livro é que, como ficção história, ele traz todos os elementos das narrativas arturianas e os apresenta de uma forma mais real e crível. Assim, durante esta resenha vocês vão notar que diversos personagens não são tão mágicos e encantadores, além da magia, que também é algo sutil em toda a trama do livro.
O Rei do Inverno é narrado por Derfel (pronuncia-se Dervel), um fiel amigo e conselheiro de Artur que presenciou de perto toda sua história. O livro é divido em 5 partes, a primeira (Um Nascimento no Inverno) começa com Derfel servindo como um monge a pedido da rainha Igraine, Derfel começa a escrever suas memórias da saga de Artur.
A trama do livro começa com a morte de Mordred, herdeiro de Uther, o Pendragon. Mordred pereceu em batalha e seu pai sempre culpou Artur, seu filho bastardo, por ter se atrasado e não conseguido defender o meio-irmão e herdeiro do reino. Assim, Artur é exilado e todo o destino da linhagem real de Uther é posto no nascimento do seu neto, filho do falecido Mordred, que está para nascer. Vale ressaltar que o grande tema da trilogia das Crônicas de Artur é a invasão dos saxões a Britânia e que o perigo dos saxões é presente desde o começo do livro.
As primeiras 120 páginas são todas centradas na disputa política de quem tomará conta do neto de Uther, já que o grande rei se encontra doente e debilitado. Deste modo o livro é bem parado e cansativo no começo, recheado de lugares e nomes difíceis de ler e impossíveis de se pronunciar. Apesar destes detalhes deixarem a leitura mais lenta e cansativa, eles são essenciais para que do meio ao fim do livro, a história possa se desenrolar, apesar da escrita bastante descritiva de Cornwell ser uma constante.
O Rei do Inverno é narrado por Derfel (pronuncia-se Dervel), um fiel amigo e conselheiro de Artur que presenciou de perto toda sua história. O livro é divido em 5 partes, a primeira (Um Nascimento no Inverno) começa com Derfel servindo como um monge a pedido da rainha Igraine, Derfel começa a escrever suas memórias da saga de Artur.
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Derfel Cadarn por TatyZ |
As primeiras 120 páginas são todas centradas na disputa política de quem tomará conta do neto de Uther, já que o grande rei se encontra doente e debilitado. Deste modo o livro é bem parado e cansativo no começo, recheado de lugares e nomes difíceis de ler e impossíveis de se pronunciar. Apesar destes detalhes deixarem a leitura mais lenta e cansativa, eles são essenciais para que do meio ao fim do livro, a história possa se desenrolar, apesar da escrita bastante descritiva de Cornwell ser uma constante.
Como uma versão mais “real” da história de Artur, O Rei do Inverno traz a disputa entre os druidas e os cristãos, agora que o Cristianismo se espalha na Britânia pagã. Essa disputa religiosa marca personagens como Merlin, que é o druida mais famoso e conhecido por sua sabedoria e poder. É nesse ponto que a magia da saga se revela, pois não há nada de explícito. A verdadeira magia acontece durante os truques, como aquele trovão no momento certo, aquela poção mágica que na verdade é uma bebida que causa alucinações. Além disso, como a história se passa no século V, a maioria dos personagens é supersticiosa e realmente acredita nos poderes dos druidas. Até mesmo os cristãos veem os rituais como demoníacos e poderosos. Para o leitor alguns momentos são questionáveis, pois parece haver alguns milagres pequenos.
Falei de Merlin e agora preciso falar de Artur. Como Derfel é o narrador da história contando sua vida e tudo que presenciou, Artur demora um pouco para entrar em cena, aparecendo no começo do livro somente nos diálogos e elogios de alguns personagens. A descrição de Artur faz justiça a toda a expectativa que o começo do livro nos dá e assim, ele, não como um rei, mas como um grande comandante guerreiro - que busca a paz e unificação da Britânia - cativa tanto personagens quanto o leitor. Um ponto legal dele é que apesar de ser uma figura mítica, ainda é apenas um homem que pode cometer seus erros. Porém sua personalidade faz que os erros cometidos por ele contribuam para o personagem e, além disso, o próprio Derfel, fazendo pequenos comentários sobre o futuro do personagem, gera uma curiosidade que impulsiona a leitura.
Ainda na gama de mudanças nos personagens: além de Artur não ser rei, apenas um bastardo de Uther, temos Lancelot, que é o principal inimigo de Derfel. Lancelot difere da figura galante das histórias arturianas para simplesmente um covarde que obtém sua fama através dos bardos e da facilidade que o povo tem para ser controlado. Sendo assim, todas as mudanças são bem críveis e contribuem para a trama. Nenhum personagem é mal construído e o próprio Derfel tem sua própria história pessoal que é bem interessante de se ler.
Minha opinião sobre O Rei do Inverno é: O que eu mais gostei no livro foi que Derfel não é apenas um telespectador que está ali pra nos contar à história de Artur, ele faz parte dessa história e tem seus próprios interesses. Além disso, gostei da forma como Artur é um homem normal, mas também a figura que fez sua história ser contada e recontada durante 15 séculos. Confesso que esperava mais de Merlin, pois me parece que sua busca pela magia é um tanto quanto inútil, mas espero o desenrolar da trama para ver qual o sentido de tudo aquilo, pois Merlin é um personagem misterioso e enigmático. Outra coisa importante pra mim são os nomes e a dificuldade que tive com eles, pois muitas vezes apenas passei os olhos pelos nomes sem me importar em como pronunciá-los devido a certo número de consoantes. Culhwch, Dafydd, Diwrnach, Gwlyddyn, Ynys Wydryn e Durocobrivis são nomes de personagens e locais que me deram um pouco de trabalho, apesar de o livro conter uma lista com os nomes e lugares para o caso do leitor esquecer o nome do porteiro do castelo que fica no lugar que ninguém liga.
No geral eu gostei bastante do livro, pois traz uma versão mais real da lenda de Artur ao mesmo tempo em que modifica e mantém certos aspectos que já conhecíamos. Os personagens são interessantes e pra mim o livro peca só no começo lento, mas que depois se estabelece uma rotina e a história segue sem problemas. Outro ponto é a descrição das batalhas, pois como sempre Cornwell consegue descrever muito bem uma parede de escudos e proporciona um melhor entendimento de como tudo acontece. Recomendo esse livro para qualquer um que goste das histórias de Artur, pois toda a descrição do local e cultura do século V enriquece a narrativa e também os personagens estão todos lá tão frequentes e importantes quanto o próprio Artur, que junto de Derfel, é meu personagem preferido.
Avaliação final:
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