Resenha || Ciclo das Trevas I - O Protegido
Título da Série: Ciclo das Trevas
Título do Livro: O Protegido (1º livro)
Autor: Peter V. Brett
Editora/Tradução: DarkSide Books/Petê Rissatti
Páginas: 520
Ano de Publicação: 2015
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Livro cedido em parceria com a editora.
Livro cedido em parceria com a editora.
Sinopse “Assim que a escuridão cai, os terraítas aparecem em grande quantidade, gigantes demônios de areia, de vento e de pedra, famintos por carne humana. Depois de séculos, os humanos definham com o esquecimento das marcas de proteção. Arlen, Leesha e Rojer, três jovens que sobreviveram aos ataques demoníacos, atrevem-se a lutar e encarar o perigo para salvar a humanidade. O PROTEGIDO – eleito um dos dez melhores romances fantásticos da nova geração pela Amazon UK – é uma genuína fantasia dark. A humanidade entregou a noite aos terraítas e são poucos os que ainda conseguem se esconder atrás das proteções mágicas, rezando para que elas os conduzam para mais um dia. Conforme os anos passam, as distâncias entre as pequenas vilas se aprofundam. Parece que nada pode deter os demônios ou aproximar a humanidade novamente.”
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Um demônio da rocha por frabyka |
Quando o sol se põe, os terraítas surgem.
Amigos das trevas, aliados da escuridão. Sedentos por carne, deixam um rastro de sangue por onde quer que passam. Sempre é assim, mas na Era da Ignorância foi ainda pior. Os thesanos foram massacrados com fúria: crianças, jovens, adultos, idosos – nada escapou da insaciável fome dos demônios. Ainda que se escondessem em tocas como coelhos, continuavam à mercê da insanidade das temíveis criaturas. Só podiam rezar e torcer para sobreviver até o sol surgir no horizonte...
A guerra só existe quando os lados lutam entre si. Naquela época os thesanos não estavam lutando: eles sobreviviam, fugiam e se escondiam. Não era uma guerra, e sim uma carnificina.
A guerra só existe quando os lados lutam entre si. Naquela época os thesanos não estavam lutando: eles sobreviviam, fugiam e se escondiam. Não era uma guerra, e sim uma carnificina.
Como vocês devem ter imaginado, os humanos venceram. A guerra terminou, mas a batalha contra a escuridão não. Terraítas continuaram a ser dizimados até que em determinado momento eles deixaram de aparecer – fosse por medo ou porque poucos existiam. Os thesanos tiveram um tempo para respirar e puderam erguer suas construções, construir suas famílias. Sem os demônios para atormentá-los e forçá-los a aprimorar as proteções, elas aos poucos foram sendo esquecidas. Iniciou-se a Era da Ciência e as preocupações tornaram-se outras. Terraítas? Eles realmente existiram?
Passou-se muito tempo até que os demônios retornassem. Quando o fizeram, agora em grande número após se multiplicarem durante seu repouso nas Profundas, foi visceral. Os thesanos não estavam preparados: acomodados com suas tecnologias, perderam muitas das proteções de combate... O cenário da Era da Ignorância se repetiu, e os terraítas voltaram a imperar.
É nesse momento que conhecemos Arlen, Rojer Faltadedo e Leesha. Acompanhamos os três na trajetória da infância ao amadurecimento. Amadurecimento precoce, vale dizer. Não foi natural: vivendo no contexto da época, eles se viram obrigados a aprender com suas perdas, tornando-se adultos antes do tempo. O primeiro livro dedica-se a nos apresentar a esses três personagens, que no final tornam-se um só na guerra contra a noite.
No primeiro capítulo conhecemos de cara Arlen, que mora no Riacho do Tibbet, uma pequena aldeia ao norte de Miln com pouco mais de mil habitantes. Ele está no Casario da Floresta, recentemente atacada pelos terraítas, tentando ajudar a minorar os prejuízos. Os habitantes do Riacho e seus pais também estão lá. Quando um ataque assim acontece, o povo precisa se unir.
O que você precisa saber sobre Arlen é que ele é um garoto normal de onze anos, que sofria com as perseguições dos outros meninos da aldeia até que um dia, incentivado pela mãe, resolveu revidar e atacou o pior deles, Cobie Fisher. Por conta disso não tem muitos amigos, ora por ser temido ora por ser detestado, e então volta-se solitário para as confecções de proteções – um talento nato seu. Possui uma vida normal – ou tão normal quanto se é possível convivendo com a ameaça dos terraítas – até o dia em que sua mãe é atacada por um deles. Marcado para sempre pela covardia do pai em não tentar protegê-la – e nem ao próprio Arlen, que estava com ela no momento do ataque –, ele vê nesse ato um reflexo do que jamais será. Parte, então, atrás de Ragen, mensageiro que visitou recentemente o Riacho (e símbolo de coragem numa época dominada por demônios), determinado a seguir sua profissão. A jornada de Arlen é incrível, especialmente nos primeiros dias em que passa sozinho e provoca um terraíta de rocha, que o persegue por muitos anos além.
Leesha vive na Clareira do Lenhador, perto de Forte Angiers. Também a conhecemos ainda garota, aos treze anos, e é no POV dela que percebemos que o universo de Thesa segue os costumes medievais: ela está prometida ao mais belo – e babaca – garoto da aldeia, e seu único objetivo de vida é constituir uma família e ser feliz, sem espaço para outras expectativas. O que ela logo aprende, no entanto, é que esse não é seu destino verdadeiro. Emocionalmente abalada e ferida por acontecimentos recentes, abandona a mãe megera e interesseira e também o estúpido Gared, decidida investir o resto de sua vida na carreira de ervanária como aprendiz da rabugenta provável centenária Bruna.
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O que você precisa saber sobre Arlen é que ele é um garoto normal de onze anos, que sofria com as perseguições dos outros meninos da aldeia até que um dia, incentivado pela mãe, resolveu revidar e atacou o pior deles, Cobie Fisher. Por conta disso não tem muitos amigos, ora por ser temido ora por ser detestado, e então volta-se solitário para as confecções de proteções – um talento nato seu. Possui uma vida normal – ou tão normal quanto se é possível convivendo com a ameaça dos terraítas – até o dia em que sua mãe é atacada por um deles. Marcado para sempre pela covardia do pai em não tentar protegê-la – e nem ao próprio Arlen, que estava com ela no momento do ataque –, ele vê nesse ato um reflexo do que jamais será. Parte, então, atrás de Ragen, mensageiro que visitou recentemente o Riacho (e símbolo de coragem numa época dominada por demônios), determinado a seguir sua profissão. A jornada de Arlen é incrível, especialmente nos primeiros dias em que passa sozinho e provoca um terraíta de rocha, que o persegue por muitos anos além.

Rojer é filho de estalajadeiros e mora em Pontefluente. Tem apenas três anos de idade quando uma tragédia marca sua vida. Por negligência do responsável local por desenhar as proteções, a estalagem é invadida por terraítas. Salvo pelo menestrel que visitava a cidade, Arrick Cantadoce, Rojer sobrevive com dois dedos a menos. Arrick torna-se sua única família e ele o acompanha para fora de Pontefluente como aprendiz do menestrel. Uma mecha de cabelos de sua mãe, Kally, vira seu talismã. A evolução de Rojer como pessoa é impressionante.
O livro é marcado por tragédias, o que não é difícil de imaginar quando se vive em Thesa com tantos terraítas para dificultar sua vida. Mais uma vez os humanos estão perdendo, e todas as noites oram e choram pelo retorno do Salvador para ajudá-los a dizimar a praga demoníaca. Tudo parece perdido, e por um segundo está...
Até que uma nova figura surge. O Protegido vaga pela noite montado em seu cavalo negro como ébano, armado dos pés à cabeça e com símbolos de proteção desenhados na armadura. Os rumores dizem que o homem (será um homem?) não possui nome, tampouco alma. Da cabeça aos pés é coberto por proteções, de defesa e de combate, e luta contra os terraítas com as próprias mãos. Ele não os teme – afirmam até que já devorou um. O Protegido aterroriza tanto humanos quanto terraítas, mas ele também traz a esperança de uma segunda vitória para os humanos. Ele é a reencarnação o Salvador – ou assim muitos pensam.

Minha opinião sobre O Protegido é: Eu me senti na obrigação de fazer uma resenha à altura do livro. Está entre meus favoritos junto com O Nome do Vento. Tem uma narração cadenciada e que prende você até o final. Possui aquilo que tanto me encanta no Rothfuss: a capacidade de nos fazer sentir na alma a dor do personagem. Eu também poderia dedicar um post inteiro apenas para explicar o worldbuilding: as proteções, os acontecimentos dentro do enredo, a passagem do tempo e o mapa de Thesa, mas acabaria fazendo uma postagem com o triplo do tamanho dessa. É apenas o primeiro livro e tudo é tão detalhado e bem explicado que as muitas informações não o confundem. A descrição dos demônios merecem uma menção extra, porque Brett o faz com maestria. O ritmo não é acelerado, mas está longe de ser lento. Você mal percebe o tempo passar quando está com o livro em mãos. Uma leitura cativante e envolvente além da conta.
Sobre a edição: O livro possui 520 páginas e é dividido em quatro partes (Riacho de Tibbet, Miln, Krasia e Clareira do Lenhador) e trinta e dois capítulos. A folha é amarelada e grossa; a fonte e o tamanho, extremamente confortáveis para leitura. Encontrei muitos erros de revisão, mas porque a edição que li foi a primeira – que, por omitir um parágrafo em uma das páginas, foi recolhida em grande parte do Brasil e devolvida aos leitores com correções. Como uma edição da DarkSide, possui capa dura com o nome do autor e o título em relevo, além de um detalhe encantador no início e no final do livro: vários símbolos de proteções também em relevo em páginas pretas. Mais um detalhe charmoso: vem com uma fitinha para você marcar em que página parou.
avaliação final
REVISÃO: 6 - os erros foram corrigidos na nova edição
NARRAÇÃO: 9
PERSONAGENS: 9,5
ENREDO: 9
WORLDBUILDING: 8
Livros da Série: O Protegido || A Lança do Deserto (previsto para nov/2015) ||| The Daylight War || The Skull Throne || The Core.
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