Viver sem ler é perigoso.

Artigo || Os rótulos literários e quão banais eles são

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Há uns dias, vi no Facebook o post de uma moça interessada em ler a trilogia Jogos Vorazes. Ela pedia opiniões e queria saber se a leitura valia a pena. Recomendei a saga e aproveitei para ler outros comentários. O que vi em meio a raros “leia os livros” e “A leitura é excelente” foi uma enxurrada de pseudo-intelectuais exclamando com todas as forças que Jogos Vorazes virou “modinha”. Oi? 

Os livros considerados “modinhas” são aqueles best-sellers de que muita gente tem conhecimento. Quem aqui nunca ouviu falar de A Culpa É das Estrelas? Esse deve ser o livro mais chamado de “modinha” por aí. Outros exemplos dignos de menção são A Menina que Roubava Livros, Crepúsculo, Como Eu Era Antes de Você, entre outras obras similares.
Modinhas ou não, os livros citados estão nas prateleiras de milhões de pessoas ao redor do mundo. Percebe o ponto positivo? Mesmo que a história já esteja saturada, estes livros ainda são vendidos e lidos. Há benefícios para editoras e livrarias, que se mantêm no mercado em grande parte por causa desses livros, e para os leitores, porque estão adquirindo algum conhecimento. Sim, a história é bem conhecida: um planeta Terra pós-apocalíptico, um adolescente com uma doença terminal, um casal de vampiros... Mas e daí? Não é melhor que gastemos nosso tempo com clichês literários do que com bobagem online?
O grande – e extremamente estúpido – problema com isso é que, ainda hoje, em 2016, não se pode dar um passo sem que alguém perceba. No mundo da leitura não é diferente. Se você lê Machado de Assis, será considerado culto, um leitor de bom gosto. Mas basta mencionar Cinquenta Tons de Cinza que pedras voam de todo canto em sua direção.

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Este é um assunto perigoso, inclusive, e pode gerar situações desagradáveis. Há um tempo, enquanto lia O Melhor de Mim, ouvi de um tio que "macho de verdade não lê Nicholas Sparks". Lembro-me da expressão em seu rosto quando me disse isso. Tio, se você estiver lendo este texto, tenho um recado para você: depois de O Melhor de Mim, ainda li três ou quatro outras obras do Nicholas e (quem diria!) me mantive heterossexual. Satisfeito?
Meu livro favorito é, de longe, a Bíblia. Sou cristão desde sempre, então a leio desde sempre. Vários de meus amigos são ateus ou agnósticos, e a maioria deles não consegue entender por que cargas d'água leio todas as manhãs uma obra que eles gostam de chamar de "Coleção de contos de fadas." Detalhe: ler a Bíblia não me impede de ler Carl Sagan ou Stephen Hawking. Já o fiz, e não me arrependo.

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É um tanto incômodo pensar que até mesmo na literatura, que é um recurso utilizado para fugir um pouco da realidade da vida, encontramos imposições e preconceito. Você e eu, simples leitores, encontramos nos livros um porto seguro. Com eles, a mente se abre e passamos de meros ignorantes a seres pensantes, questionadores. Como podemos, então, ao mesmo tempo que subimos a um novo patamar de cultura, nos rebaixar a bobas e precipitadas conclusões sobre o companheiro que lê Percy Jackson em vez de Os Miseráveis?

Este post foi escrito por Lucas Bitencourt.

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