Viver sem ler é perigoso.

No Jutsu 07: Mirai Nikki - Entre o amor, o futuro e a insanidade



     Olá, . Antes de resumir a obra, permita que eu me apresente. Aqui é o Rafaell Carneiro, que a pedido da Manuh, resolvi encarar desafio de escrever sobre algo tão complexo que é esse anime. Tentarei ser breve e conciso e devo aprofundar mais ao final da resenha.



Mirai Nikki – Diário do Futuro (do mangaka Sakae Esuno) possui um anime finalizado com duas temporadas (26 episódios), cujo mangá foi encerrado no Japão em 2010 com 12 volumes e é distribuído no Brasil pela Editora JBC. Está dentro dos gêneros seinen, suspense, romance e sobrenatural. Você encontra o mangá aqui e o anime, aqui.

Eu sou um espectador. Escrever tudo que vejo no ponto de vista de um espectador me conforta. Mas eu também tenho amigos. Embora eles existam apenas na minha imaginação.

           Enfim, vamos ao que interessa! Mirai Nikki é, antes de mais nada, um anime sombrio e pesado, um seinen. Se você se impressiona fácil, não gosta de ver sangue, violência explícita e psicopatas, passe longe. Esteja avisado. Não é algo que se assista ao lado da vovó tomando um chá. De modo geral, essa obra fala sobre possibilidades, oportunidades ou destino.


Todos os loucos aí, juntos e vivos.

           Imagine que você descubra que vai morrer amanhã. Um carro vai te atropelar na Rua Morcego Molhado, às 14h em ponto. Obviamente, você, pessoa esperta, jamais vai atravessar essa rua nesse horário e se preferível nem vai sair de casa. Esse é o espírito de Mirai Nikki!
           Tudo começa com o jovem Amano Yukiteru, um moleque anti-social e sem amigos que tem a estranha mania de fazer anotações em seu celular sobre as coisas bobas cotidiano. Do tipo “acabei de tropeçar em uma pedra”. Ele é um loser completo, sem iniciativa, sem atitude, enfim, sem nada.


Yukiteru e seu celular foderoso.

           Yukiteru em seus momentos de solidão consegue uma façanha reservada a poucos eleitos. Ele tem contato direto com Deus. Logo no primeiro episódio, o sublime ser faz uma aposta com o garoto. Ele vai mandar mensagens em seu celular contando sobre o futuro. A partir daí tudo muda e um jogo é criado.
           O jogo consiste em 12 pessoas que têm “diários do futuro” em seus celulares. Elas devem matar todas as outras pessoas até que o último restante tomará o lugar de Deus. O.o “Nossa Faell, que coisa esquisita!” É, mas não para por aí.
           Yukiteru tem uma colega de classe chamada Yunno Gasai. Ela é perdidamente apaixonada por ele, ao ponto de ser uma guria psicopata, de matar por ele, fazer loucuras. E o pior, ela tem um diário também, que conta todos os passos dele.


Yunno em seus momentos de boa moça.

           Imagine aquela sua ex-namorada doidona, que liga trocentas vezes por dia, sabendo de todos os seus passos e te controlando a cada movimento? Pois é. A partir daí os dois se unem para matar as 10 pessoas restantes que possuem o diário e o resultado... bem... é impactante.


Agora ela surtou. CORRE, CAMBADA!

           Os outros personagens são fora do comum e são representados por números. Você não verá em outro anime seres tão carismáticos e imprevisíveis como eles. Destaque para a Minene Uryuu (a Nona), que é absurdamente fodona e impulsiva. 
           Cada personagem tem um objetivo, uma história de fundo (geralmente trágica) e não é algo forçado como os flashbacks dos vilões de Naruto, que se esforçam pra parecer amigáveis em seus momentos finais. Tudo nesse anime é calculado e o enredo se amarra muito bem. Não há ponta solta, se bem que deviam fazer mais episódios. Você tá bem gostando de um e ele morre em 1 ou 2 episódios. T-T


A Nona emputecida faz altas traquinagens.

/MOMENTO POLÊMICA
           Sim, esse anime é polêmico e também lida com a sexualidade. Personagens gays e lésbicas estão no script e eu acho isso um ponto positivo. Finalmente o tradicionalismo japonês dá algum espaço para visões e estilos de vida diferentes. Ponto para o autor! 
           Brasileiros, em geral, têm uma dificuldade IMENSA de entender o personagem Yukiteru. É perceptível nos comentários do youtube. Tão acostumados com os “Gokus” da vida, tratam o personagem como se meninos tímidos fossem proibidos de existir. Não é bem assim não! Yuki não tem referência para se tornar o grande salvador da pátria (e isso é explicado no anime). 
/FIM DA POLÊMICA!

           A trilha sonora acompanha os momentos de tensão e as reviravoltas do enredo, deixando o espectador perturbado enquanto a cena acontece. Isso ocorre em especial durante os surtos de insanidade da Yuno. Lembrando que são raros os momentos de alegria nesse anime, portanto o tom sombrio das músicas compõe o cenário de loucura e caos vividos pelos personagens. As duas aberturas são um show a parte, grudam na cabeça e viciam ao extremo. 
           Se você gosta de uma história bem construída, uma pitada de romance e muito sangue jorrando na tela, esse anime é pra você! É relativamente curto comparado aos outros títulos do gênero e permite uma reflexão a respeito da vida. O traço é bonito, sem exageros e a originalidade do autor dão a Mirai Nikki um título de peso. É um dos meus animes favoritos e tem uma sequência em OVA que é imperdível.



Falar sobre o destino acaba esbarrando em questões centrais como a religião. Tem uma personagem um tanto quanto interessante. A Muru Muru, ela acompanha Deus e possui um rabinho do capiroto O.o
Muru Muru: uma anjinha ou ao contrário?

A princípio ela parece inofensiva, carismática e nos mata de rir. Cada final de episódio tem uma cena hilária onde ela entrega o diário do futuro para um dos personagens. Ou faz uma piadinha com eles. Logo mais adiante você descobre do que ela é capaz e se indaga sobre qual é o papel dessa menininha “meiga”.
Pois é, sustento a teoria de que a Muru Muru é referência ao próprio diabo. Calma lá! Não sou pastor e muito menos religioso. Mas é notório que a coexistência dela e Deus no mesmo ambiente deve representar um equilíbrio de forças (levando em conta que estamos falando de uma concepção oriental de diabo, muito distante da visão católico-judaico-cristã).
Por fim, tem a teoria do multiverso. Explorada ao fim do anime. Imagine que existem diversos universos paralelos, onde você participa de todos ao mesmo tempo sem se dar conta. Pois é. É como uma formiga que enxerga o mundinho só dela enquanto milhares de coisas ocorrem ao seu redor e ela participa de tudo (ressalvadas as devidas limitações de formiga).
Referências sobre universos paralelos e realidades alternativas são encontradas no ocultismo, no espiritualismo e na cabala judaica. O que me leva a crer que o autor é realmente entendido do assunto. Afinal ele cita o “plano causal”, um mundo paralelo acessível somente a pouquíssimas pessoas, onde Deus, em tese, controlaria o destino. Maluco né? xD
Não vou entrar em detalhes para não ser internado num manicômio, mas pesquisem.




Avaliação final:


           Por hoje é só! Grande abraço!
Rafaell Carneiro 



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