Viver sem ler é perigoso.

Game of Thrones || S06E01 - The Red Woman


Essa semana tivemos o tão aguardado retorno de Game of Thrones em sua sexta temporada. Ainda que você seja do #ReclamoesTeam e tenha jurado pelos Antigos e Novos Deuses que não daria mais audiência à série por ela ser completamente diferente dos livros, aposto que sei onde você estava ontem às 22h.
Para a estreia da nova temporada, o episódio, em minha opinião, foi satisfatório. Promete uma season para finalmente deixarmos de reclamar - afinal, nem podemos dizer que mas no livro é diferente, uma vez que os produtores já disseram que as duas mídias terão destinos completamente diferentes. Ou você assiste e entende que a série é a série e os livros são os livros, ou você se torna aquele amigo chato com quem ninguém nunca irá querer conversar sobre As Crônicas de Gelo e Fogo. E aí, qual você prefere? Hahahah de qualquer modo, fique com a resenha do primeiro episódio e fique avisado: CONTÉM SPOILERS.

Título da série:  Game of Thrones
Temporada:  Sexta
Episódio:  01 - The Red Woman
Duração:  Aproximadamente 52 minutos
Estreia:  24 de abril de 2016
Criadores:  David Benioff e D. B. Weiss







Jon Snow está morto. Isso é incontestável. O episódio começa com uma vista panorâmica do local onde o bastardo foi assassinado. O cadáver está estirado sobre a neve, uma poça de sangue o cerca, mas o que mais cortou meu coração na cena foi o uivo, o lamento de Fantasma. O lobo gigante está preso em uma das cochias dos cavalos, tentando sair desesperadamente, arranhando a porta numa luta incessante. O animal mais sereno da ninhada, aquele que é descrito como silencioso e calmo, encontrou sua voz para lamentar pelo dono - uso essa palavra por falta de uma melhor, pois a relação que os dois têm vai muito além da que temos em casa com nossos bichinhos de estimação.
Davos Seaworth, ouvindo a movimentação de Fantasma, é atraído pela fora e vê o corpo do Senhor Comandante. Logo outros aliados de Jon chegam, incluindo Edd Doloroso, e veem a cena pela primeira vez. Levam o corpo do bastardo para Castle Black e há apenas duas certezas: a de que o amigo foi assassinado, e que o responsável foi Alliser Thorne. No meio da conversa, Melisandre bate à porta. Eu nunca a tinha visto tão sem esperança, tão cansada, tão abatida - pelo menos até o final do episódio.

Eu o vi nas chamas. Lutando em Winterfell.


Melisandre de Asshai - S06E01

Enquanto isso, Alliser Thorne se reúne com os demais patrulheiros no salão de Castle Black. Todos já sabem da morte de Jon Snow e Thorne assume a autoria, acrescentando que os demais oficiais da Patrulha também participaram. Olly está ali, presunçoso e sorrindo de canto, e eu simplesmente espero que a morte mais cruel esteja reservada à ele. Thorne, em seu discurso de que Jon Snow acabaria ferrando com a Patrulha por se aliar aos selvagens, consegue calar os enérgicos patrulheiros indignados com o assassinato de seu ex-comandante.
A cena retorna brevemente a Davos e os outros. Eles conspiram contra o restante da Patrulha da Noite e sabem que estão praticamente sozinhos... Ou não, como o Cavaleiro das Cebolas observa. E assim fica decidido que Edd Doloroso irá atrás de ajuda - mais precisamente os selvagens, até onde entendi.

Agora estamos em Winterfell. Ramsay Bolton demonstra uma rápida fragilidade que de forma alguma aparece nos livros (e que achei bem bizarra): parece afetado de modo bem emotivo pela morte de Myranda. Sua voz treme, hesita e por um momento você pensa que ele irá chorar. O Senhor de Winterfell promete vingar a amiga/meretriz e deixa de parecer com o Ramsay dos livros até que...


A carne é boa. Dê para os cães.


Ramsay Bolton - S06E01

Agora Ramsay está com o pai, Roose. Eles discutem a vitória de Winterfell sobre o exército de Stannis e a consequente morte do pretenso rei. Roose sabe que é uma questão de tempo até haver retaliação e o Norte precisa estar pronto. Para isso, os vassalos de Winterfell devem se unir a Ramsay - e isso só acontecerá com a presença de Sansa Stark... Que fugiu com Reek/Theon Greyjoy. O filho assegura ao pai de que ambos serão encontrados pois os melhores soldados estão em seu encalço com os melhores cães. Bem, não deixa de ser verdade, né? 

Sansa está com Theon. Eles correm desesperados, fugindo de Winterfell e dos cães que Theon conhece mais do que gostaria. Por um momento eles param debaixo de um tronco caído, procurando abrigo da nevasca, e você percebe a vulnerabilidade de Sansa nessa cena, quando ela aceita o abraço de Theon e parecem encontrar ali um tempinho de paz. Então ouvem os latidos dos cães e o quanto estão próximos. Theon aconselha Sansa a seguir o norte toda vida, pois irá acabar parando em Castle Black, onde Jon Snow é comandante (tadinho rs). Ele sai do esconderijo pronto para distrair os captores, mas não adianta muito, pois Sansa logo é farejada e encontram-na. Não acreditei que ela já seria recapturada. Brinquei com meu namorado, inclusive, dizendo que tinha de aparecer um salvador da pátria (meio sem esperança porque Martin não escreve salvadores da pátria, né?). Bem, eu estava certa. Apareceram dois salvadores: Brienne de Tarth e Podrick Payne! Eles matam os soldados Bolton, inclusive com a ajuda de Reek, que por um segundo volta a ser Theon. E agora, tanto tempo depois, Brienne finalmente cumpre sua promessa e oferece a espada à Sansa.

Estamos com Jaime Lannister retornando à Porto Real. Cersei sai de seus aposentos com a notícia de que a filha retornou. Você a vê feliz após os dias negros (e merecidos rs) que passou, com o semblante ansioso de quem finalmente verá a pessoa que ama depois de tanto tempo. Ela aguarda no porto da Fortaleza Vermelha e o sorriso vai diminuindo conforme assimila a verdade - a tristeza no rosto de Jaime, a ausência da filha, o corpo coberto que repousa atrás dele. Aí a cena já muda para Jaime e Cersei conversando sobre morte, inclusive a da mãe, e a profecia de Maggy, a Rã, que persegue Cersei e se cumpre lentamente. Dois filhos já se foram. Falta um.

Em uma das celas do Septo de Baelor, Margaery Tyrell recebe a visita de Septã Unella, que prega a Palavra e exige sua confissão cada vez que a rainha abre a boca. Quando ela está prestes a levar uma boetada, o Alto Pardal a visita e se segue uma conversa onde ele diz que Margaery finalmente está entendendo a verdade das coisas, mas ainda tem um longo caminho a percorrer.

O núcleo de Dorne foi o mais arruinado, mas também proporcionou as três primeiras mortes da temporada. Ellaria Sand e suas Serpentes de Areia matam Doran Martell e Aero Hotah, que teve uma morte decepcionante diante de seu personagem nos livros. Ellaria discursa sobre a covardia de Doran, sobre a inércia diante do assassinato de Elia e Oberyn, sobre não ter mais homens fracos governando Dorne. Isso inclui, claro, Trystane, que é morto de modo traiçoeiro e covarde. Mas isso é Game of Thrones, né? E assim a linhagem Martell encontra seu fim.


No núcleo de Meereen, Varys e Tyrion Lannister vagam pelas ruas da cidade. Encontram um Sacerdote Vermelho pregando a palavra de R'hllor e Varys fala sobre os escravos mais antigos que acreditam que Daenerys os abandonou. Meereen, no geral, parece abandonada: não há comércio, poucas pessoas estão nas ruas e a cidade está uma bagunça. O medo a paralisou, segundo Varys. No final eles descobrem que tocaram fogo na frota de Daenerys Targaryen.
A cena muda rapidamente para mostrar Daario Naharis e Jorah Mormont, que encontram rastros recentes da passagem de um khalasar, bem como Jorah vê o anel de Daenerys bem no centro da bagunça, onde o solo está intocado - indicando que Dany estivera ali no meio. Ele também puxa a manga de sua camisa e vê que a escamagris está se espalhando pelo braço. 

Daenerys está caminhando ao lado do khalasar de Khal Moro como uma escrava, levando chibatadas e sendo escarnecida por dois dos companheiros de sangue do Khal. Quando é levada até ele e se apresenta com seus intermináveis títulos, mais uma vez é desacreditada. O Khal afirma que irão deitar à noite e que ela deve lhe dar um filho... Daenerys narra um trecho da profecia de Mirri Maz Duur, mas é somente quando diz ser esposa do falecido Khal Drogo que recebe algum respeito e um veredito: irá para Vaes Dothrak, o lugar das viúvas de todos os khals.

Arya Stark está em Braavos se acostumando com a repetina cegueira. Ela ouve e sente tudo ao seu redor enquanto atua como pedinte. A única ação em seu núcleo se resume ao espancamento que recebe da garota do Templo, que exige que ela lute e revide ainda que esteja cega. Uma parte dura do aprendizado? Com certeza. Mas também útil.


Retornando ao núcleo da Muralha, Alliser Thorne vai até Davos para oferecer-lhe uma chance de ir embora para o sul com um cavalo novo e comida. Também diz que concederá anistia a ele e todos os patrulheiros que estão ali. Para ganhar tempo, Davos alega que irá conversar com os homens. Mas essa de longe é a parte mais interessante do final.
Melisandre. Quantas teorias surgiram com esse final... Quando ela ficou diante do espelho e tirou a roupa, certeza que fez a alegria da nação. Ainda que algumas pessoas tenham se concentrado mais em outras coisas, eu me atentei à expressão em seu rosto. Mais abatida do que no começo, sofrível, derrotada. O semblante de alguém que perdeu a fé. Ela então retira o colar com o rubi e assume a forma abaixo. Não acredito que a pedra altera a sua aparência, sabem? E sim que funciona como um canalizador de magia. Muita gente está discutindo esse final. A Sacerdotisa Vermelha que nunca dormia se prepara para adormecer. E de repente ela está longe de ser a mulher cheia de energia que sempre vimos na série. Foi aterrorizante - não pela aparência, mas sim pela transformação psicológica latente. Dedicarei um post inteirinho para as teorias sobre a Sacerdotisa porque tem sido uma das coisas mais legais de se discutir. Não o faço aqui porque ninguém merece um post com o dobro do tamanho, né? Mas só posso concluir com uma frase: coisa boa vem aí.

Agora falando sobre o episódio em si, eu gostei especialmente do núcleo da Muralha e de Dorne. A Muralha porque deixou o cliffhanger perfeito para os próximos acontecimentos e incitou a nossa curiosidade de modo fenomenal. Resgatou a discussão sobre a origem de Melisandre, algo que eu já não via há um bom tempo. Vi uma face diferente de Davos e uma ainda mais diferente da Sacerdotisa Vermelha. Até o jogo de cores me agradou - e eu nem sou do tipo que repara nessas coisas. Quanto ao Fantasma, senti tanto por ele... Senti tanto por ver ele, que é tão sereno e silencioso, uivar de modo sofrido pela morte de Jon Snow. Eles possuem uma ligação além da compreensão e não imagino o que deve ter doído mais no lobo gigante: as facadas ou entender que Jon realmente morreu. Espero grandes agitações na semana que vem. Quanto aos selvagens colaborando, não sei muito bem o que pensar.
Sobre o núcleo de Dorne: ok, está ABSURDAMENTE diferente dos livros. Mas lembra do que eu disse no começo? Ou você assume que a série é diferente dos livros ou para de assistir, caso contrário é bem capaz que tenha um colapso nervoso. Em se tratando da adaptação, eu gostei da solução dada para retirar Dorne do mapa. Sem Aegon na série, não faz muito sentido tê-la... Agora a treta será entre as Serpentes de Areia e o Trono de Ferro, aparentemente. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
Ah, falemos sobre decepção. Os demais núcleos não foram agitados, mas apenas um chegou a decepcionar: Ramsay Bolton. O ator deixou a desejar e eu não entendi bulhufas da reação que ele teve perante a morte de Myranda. Não encaixou, não deu para engolir. Ramsay, você é melhor (lê-se pior) que isso.




Celly é treinada na técnica krasiana do combate corporal contra terraítas, assim como em esgrima (incluindo com sabres de luz), siglística e é detentora do título de especialista em Defesa Contra as Artes das Trevas. Um dia será Promotora nas horas vagas, se a vida dupla com os Nobres Vigaristas assim permitir. Doze.

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