Viver sem ler é perigoso.

Resenha || Coração Satânico, de William Hjortsberg


Ultimamente a DarkSide Books é uma das editoras que mais gera debates em grupos de leitura; alguns a amam, enquanto outros a contestam. No meio dessa discussão um ponto é inegável por ambos os lados: a qualidade técnica que cerca suas obras. A diagramação, as folhas escolhidas e as capas expressam um trabalho digno de aguçar a vontade de qualquer leitor. Porém, a maior vantagem da DarkSide surge como um faca de dois gumes e alimenta as críticas contra suas obras. Lembro de quando peguei o Demonologista, pela capa e imagens achei que leria uma das melhores histórias de terror da minha vida e ao terminar a leitura a frustração foi grande. Já o Ciclo das Trevas se tornou uma das minhas sagas favoritas.
Nesse cenário de amor e ódio comecei a ficar com um pé atrás com o selo da caverinha, só adquiria uma obra depois de ler várias opiniões sobre ela. Eis que nesse percalço chega até mim o livro Coração Satânico do William Hjortsberg e a pergunta que surgiu foi “Será que coração satânico surpreenderá ou decepcionará?”.
Como em todas as obras da DarkSide, o aspecto físico está maravilhoso. Eu ganhei uma edição que a editora distribui para blogueiros, o livro veio “lacrado” com um cordão vermelho e de brinde um boneco de vodu. Seria muito bom se a DarkSide disponibilizasse para venda suas edições especiais, os leitores colecionadores iriam adorar.


Coração Satânico foi escrito em 1978 e carrega o que hoje chamamos de clichês nas histórias de detetives, mas que na época não eram, e por isso esses elementos em sua maioria não incomodam e ainda conseguem passar um sentimento de originalidade.
Com um excelente clima noir, a história se passa em Nova Iorque de 1959. Acompanhamos o detetive Harry Angel, que recebe um trabalho do misterioso Senhor Cyphre para descobrir o paradeiro de Johnny Favorite, um músico que desapareceu depois da segunda guerra mundial.
Angel é o típico detetive particular. Solteiro, sem laços familiares, fumante, consome bebida alcoólica em excesso e com um trauma em seu passado. A história é narrada em primeira pessoa pelo próprio Harry Angel e ficamos com a sensação de que todos são culpados até que se prove o contrário.


A estrutura do livro é excelente para o gênero de suspense. Cada cena guarda um acontecimento que leva o detetive até a próxima cena, aos poucos as pistas vão surgindo e vamos conseguindo entender o que aconteceu com Johnny Favorite. O sobrenatural gira em torno da magia negra e do vodu. Ficamos na dúvida se os demônios citados realmente existem ou se são uma crença infundada de alguns personagens apresentados. Só lendo até o final para descobrir essa resposta.
De todos os elementos clássico de uma história de investigação só um me causou incômodo. O envolvimento sexual entre o detetive e uma mulher que aparece no meio da trama como uma suspeita e se transforma em donzela indefesa. O principal motivo do meu incômodo é que essa mulher é menor de idade e esse envolvimento não me pareceu natural, em um capítulo ela é suspeita e no outro é o grande amor da vida dele. Mas isso é algo meu e pode ser que não vá incomodá-lo, leitor.


E ao terminar de ler, surpreendeu ou decepcionou?
Surpreendeu. Acabou sendo melhor do que eu esperava. A leitura foi fluida e ficou difícil parar de ler, pois a curiosidade despertada foi grande. O final guarda um excelente plot twist. Vale ressaltar que em 1987 o livro ganhou uma versão cinematográfica com Robert de Niro interpretando o misterioso Senhor Cyphre.


Nova edição de Coração Satânico, pela DarkSide Books
  Título do Livro: Coração Satânico
  Autor: William Hjortsberg
  Editora/Tradução: DarkSide Books/Carla Madeira
  Páginas: 320
  Onde Comprar: Amazon || Submarino || Saraiva
  Livro cedido em parceria com a editora. 




Esta resenha foi escrita por Alex Almeida da Silva.


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