Especial [DarkSide] || Monstros Reais
De todas as criaturas já feitas, o homem é a mais detestável. De toda a criação, ele é o único, o único que possui malícia. São os mais básicos de todos os instintos, paixões, vícios – os mais detestáveis. Ele é a única criatura que causa dor pelo esporte, com consciência de que isso é dor. – Mark Twain
Há algum tempo postei aqui a resenha de Serial Killers – Anatomia do Mal. Como eu disse anteriormente, é um assunto que chama (e muito) a minha atenção. Ao mesmo tempo em que acredito e temo fenômenos sobrenaturais, me surpreendo em ver como uma criatura tão tangível pode ser dez vezes pior. Os serial killers são os nossos monstros debaixo da cama – monstros vestidos em pele humana, com brilho gentil no olhar e sorriso amoroso. Eles enganam e são traiçoeiros. E, apesar de eu estar usando o pronome masculino, também existem elas. Ambos os sexos são igualmente terríveis. Moças pequenas e aparentemente indefesas podem ser aquelas que mais o farão sofrer antes de finalmente decidir por matá-lo.
Mais recentemente, ao ler Social Killers (resenha em breve), descobri que os monstros podem estar ainda mais próximos. E a não ser que daqui a dez anos você queira aparecer em algum livro do gênero como vítima dos mais insanos seres humanos, é bom ter cuidado. Agora você pode até rir e dizer que é exagero, mas também é interessante pensar que praticamente todas as vítimas de serial killers já tiveram essa reação ao ouvir falar de algum.
Este post, aliás, deveria ter saído dia 31 de outubro. Enquanto algumas pessoas falaram sobre livros assustadores e personagens da ficção aterrorizantes, eu resolvi mostrar a vocês um pouco do que mais me assusta. É também em homenagem à linda da DarkSide, que completou mais um ano de vida no Halloween. Bem sugestivo, uh? Só deixando uma coisa bem clara pra você, Dark: a melhor editora de todas é a sua. <3
Certo, que tal irmos agora à nossa listinha infame? Ah, acredite em mim: a ordem dos fatores não altera o resultado. Eu com certeza não iria querer topar com nem uma dessas coisas abaixo.

QUEM: John Wayne Gacy foi um homem aparentemente gentil e amigo da comunidade. Trabalhava como empreiteiro no subúrbio onde morava, em Chicago. Em 1975, passou a fazer parte do Jolly Joker Club, um grupo em que os participantes vestiam-se como palhaços para animar crianças em hospitais e festas. Era também bastante ativo na política local. Todos o conheciam e jamais suspeitaram de sua vida dupla.
INFÂNCIA: Teve uma relação conturbada com o pai, que o chamava de maricas, e foi muito próximo da mãe e irmãs. Sofreu um traumatismo craniano aos 11 anos, que formou um coágulo em seu cérebro descoberto aos 16, quando começou a ter crises de desmaio repetino. Aos 17 anos foi diagnosticado com uma doença cardíaca não especificada.

COMO MATAVA: Suas vítimas identificadas eram do sexo masculino, o que nos leva à conclusão de que todas as outras também o eram, especialmente porque tinha tendências homossexuais. Gacy atraía os garotos para sua casa sob o pretexto de oferecer emprego ou mesmo para sexo. Em seguida os torturava violentamente, estrangulava e estuprava seguidas vezes.
VÍTIMAS: Entre 1972 e 1978, matou trinta e três pessoas, mas 6 não foram identificadas. Foi condenado à morte por doze dos assassinatos. John escondeu a maioria das vítimas sob o chão de sua casa. Na planta abaixo (feita pelas mãos do próprio assassino), você confere os locais em que ele as escondeu. Quatro cadáveres foram jogados em um rio próximo de sua casa.
SENTENÇA: Morte. Injeção letal em 10/05/1994.
ÚLTIMAS PALAVRAS: “Vá se foder!”

ALbert fish - O MANÍACO DA LUA
QUEM: Albert Fish foi o responsável pela morte de Grace Budd, além de no mínimo outras 14 crianças. Também acredita-se ter molestado mais de 100 crianças. Suas atividades criminosas iniciaram-se em 1890, quando começou a estuprar garotos ao mudar-se para Nova York como prostituto.
COMO MATAVA: Billy Gafney, por exemplo, que sumiu enquanto brincava com outro amigo também chamado Billy (Beaton), foi uma de suas vítimas. Beaton falou ao pai de seu amigo que Gafney fora levado pelo Bicho Papão. Quando foi descoberto, Fish revelou como matou a criança: a levou para uma casa abandonada, despiu-a, amarrou suas mãos, a amordaçou, queimou suas roupas e jogou fora seus sapatos. Às duas horas da manhã, o assassino retornou para sua casa e deixou Gafney sozinho. Voltou no dia seguinte com um chicote de fabricação caseira e chicoteou o garoto até o sangue escorrer das suas costas. Cortou as orelhas, o nariz, a boca de orelha a orelha e arrancou os olhos da criança – no início disso tudo ela ainda estava viva. Rasgou o ventre de Gafney para beber seu sangue, fez alguns cortes (que ideia repugnante) na carne do cadáver para levar consigo e consumir em casa: tudo temperado e frito, incluindo o pênis e testículos. O restante do corpo jogou em poças com um metro e meio de profundidade ao logo de uma estrada.

Primeiro eu a despi. Como ela chutava, mordia e arranhava! Eu a asfixiei até a morte, então a cortei em pedacinhos para poder levar a carne para meus aposentos. Como era doce e tenro seu pequeno lombo assado no forno. Levei nove dias para comer seu corpo inteiro. - Albert Fish sobre Grace Budd.VÍTIMAS: Grace Budd (10 anos), Billy Gafney (8 anos) e Francis McDonell (8 anos). Incluindo elas, foram no mínimo 15 assassinatos. Fish tinha preferência por crianças com “retardo mental” ou afrodescendentes, pois acreditava que a polícia não daria tanta importância ao sumiço delas (e estava certo).
SENTENÇA: Cadeira elétrica em 16/01/1936.
ÚLTIMAS PALAVRAS: "Eu nem sei porque estou aqui."

QUEM: O zelador, que foi uma criança extremamente problemática, tornou-se um adulto também extremamente problemático – e fanático religioso. Alto, com testa inclinada, lábios protuberantes e mãos desproporcionais, recebeu a alcunha de Gorila Assassino.
COMO MATAVA: Através de estrangulamento e, em seguida, estupro (necrofilia). Nelson costumava andar com uma Bíblia, assim tranquilizava suas vítimas, que pensavam que ele possuía boas intenções. Exceções: matou uma criança asfixiada enfiando um pedaço de pano em sua garganta, e com tiros uma moça que tentava defender-se dele.
VÍTIMAS: Entre fevereiro e junho de 1926 a junho de 1927, fez vinte e cinco vítimas. Entre elas está um garoto de 8 anos, filho de uma das mulheres assassinadas. Atacou principalmente pessoas do sexo feminino – mais especificamente donas de hospedarias, embora nem todas estivessem na profissão.
![]() |
Uma das vítimas de Nelson na cena do crime. |

QUEM: Um avô tranquilo e pai amável, líder ativo na comunidade e membro engajado do Partido Comunista na Rússia. Formado em literatura russa e engenharia, era tímido e falava pouco. Também recebeu a alcunha de Açougueiro de Rostov.
INFÂNCIA: Marcada pela pobreza, fome – e também pelo trauma, quando supostamente viu o irmão mais velho ser morto e devorado por camponeses. Um tanto afeminado desde a infância, tornou-se obcecado por relações sexuais com mulheres, descobrindo que não conseguia aproximar-se delas – logo se convenceu de que era impotente para justificar isso. Casou-se, mas demorou a ter vida sexual. Quando teve, foi doentio: possuía atração pervertida por crianças, descobrindo a pedofilia.
COMO MATAVA: Abordava as vítimas, geralmente crianças, oferecendo-lhes comida. Levava-as para a floresta, onde as amarrava com uma corda e em seguida as atacava usando uma faca, os dentes ou as mãos. Rasgava o tronco, arrancava nariz e olhos, cortava e comia língua, mamilos e órgãos genitais enquanto ainda estavam vivas. Confessou, mais tarde, amar o sabor e a textura do útero.
VÍTIMAS: Crianças e jovens de ambos os sexos. Foram cinquenta e três confirmadas – embora ele tenha afirmado que muito provavelmente esse número foi maior. Você confere a lista com as vítimas aqui.
![]() |
Uma das vítimas de Chikatilo. |
A primeira vítima de Chikatilo foi Lena Zakotnova, 9 anos de idade. Ele tentou estuprá-la, mas a garota reagiu. Cortou-a com a faca uma vez e ejaculou enquanto fazia, descobrindo que só assim sentia o prazer sexual. Passou a apunhalar Lena repetidamente depois disso e em seguida despejou o cadáver em um rio.
SENTENÇA: Morte. Executado com um único tiro atrás da orelha direita em 16/02/1994. Durante seu julgamento, Chikatilo foi mantido em uma jaula para sua própria segurança. Ele mostrou o pênis às famílias das vítimas, gritou obscenidades o tempo todo e em um momento disse estar gestante e lactante, acusando os guardas de terem atingido seu abdome na intenção de matar o bebê.
QUEM: Abandonado pouco antes de se formar no colégio por ambos os pais, quando foi morar com a avó permitiu que seu lado mais obscuro tomasse conta de si. Extremamente persuasivo, conseguia livrar-se da atenção de vizinhos e policiais – como quando, por exemplo, seus vizinhos sentiram um odor terrível de decomposição vindo da casa de Jeffrey e ele justificou que o freezer quebrara e a carne lá dentro, apodrecera.
![]() |
Durante o Ensino Médio. |
INFÂNCIA: Jeffrey Lionel Dahmer foi o primogênito de um casal que, sobretudo, demonstrava ódio um pelo outro. Cresceu vendo os pais em brigas incontáveis. Deixado de lado, seus gritos por atenção foram “evoluindo”: primeiro começou a matar esquilos, incluindo aí esfolá-los e corroê-los com ácidos; em seguida, passou a decapitar cães. Na escola, imitava ovelhas durante as aulas e fingia ataques epiléticos nos corredores. Ao mudar-se para a casa da avó quando foi dispensado do exército após 2 anos de serviço, teve sua primeira relação sexual homossexual.
COMO MATAVA: Steven Hicks, por exemplo, foi a primeira vítima de Jeffrey – e o primeiro com quem teve relações sexuais. Quando Hicks tentou ir embora, Jeffrey atingiu-o com um haltere e em seguida o estrangulou. Desmembrou todo o seu corpo, guardou os órgãos em sacos e enterrou sob sua casa. Com um martelo, pulverizou os ossos e espalhou ao redor da propriedade. Jeffrey Dahmer tinha 18 anos na época. Fez mais dezesseis vítimas, sendo que os restos de algumas nunca foram encontrados, e desmembrou todos. Manteve o crânio de um dos assassinados como lembrança. Gostava de utilizar ácido para corroer o corpo das vítimas.
VÍTIMAS: Ao todo, foram 17 vítimas entre 1978 e 1991. A maioria era afrodescendente.
SENTENÇA: Condenado à prisão perpétua em 1992. Apenas dois anos depois, em 28/11/1994, foi espancado até a morte por outro prisioneiro. Seu cérebro foi motivo de disputa entre os pais biológicos: a mãe queria que fosse doado para a ciência, enquanto o pai queria que fosse destruído. No fim, o juiz determinou que fosse cremado.

QUEM: Mary Bell tornou-se uma assassina um dia antes de completar 11 anos. Nasceu em 1967, filha ilegítima de uma prostituta de 17 anos de idade mentalmente perturbada. Possuiu uma infância traumática e nunca conheceu o pai.
INFÂNCIA: Bell era submetida a todo tipo de humilhação pela mãe, Beth. Quando urinava na cama, a mãe esfregava sua cara no colchão e o pendurava do lado de fora da casa para que todos soubessem. Beth tentou levar Mary para uma agência de adoção, mas não teve sucesso. Tentou matar a filha várias vezes, incluindo uma vez que a entupiu de remédios. Forçava a garota a ter relações sexuais com seus clientes – e isso antes que completasse 5 anos de idade.
(...) Com isso Mary desenvolveu seu passatempo favorito: maltratar animais. Além disso, ela adorava espancar suas bonequinhas e não chorava quando machucava. Aos 4 anos tentou matar um coleguinha enforcado e aos 5 presenciou sem nenhum tipo de emoção o atropelamento de um outro amiguinho. Depois que aprendeu a ler ficou incontrolável. Pichava paredes, incendiou a casa onde morava e torturava animais com maior frequência. - Retirado daqui.
COMO MATAVA: Estrangulamento e mutilação.
VÍTIMAS: Duas, embora pudessem ter sido mais. Mary tinha uma melhor amiga, Norma Bell (sem relação de parentesco), com quem gostava de brincar. Certo dia, estavam com um primo de três anos de idade brincando quando ele “acidentalmente” sofreu uma lesão na cabeça. As duas tentaram estrangular quatro garotas no dia seguinte, mas foram impedidas. Mary tentou asfixiar a irmã de 11 anos de Norma, mas o pai desta viu e afastou a assassina com uma bofetada na cara. A primeira vítima OFICIAL de Mary foi encontrada em 25 de maio de 1968 por dois garotos que brincavam no terreno de uma casa abandonada: era o pequeno Martin Brown, 4 anos, cujo corpo estava para fora de uma janela no segundo andar com a boca cheia de saliva e sangue. Presumiu-se que tivesse engolido excesso de comprimidos de uma garrafa encontrada nas proximidades e o caso ficou em aberto. Dois meses depois, em julho, Brian Howe (três anos) foi dado como desaparecido. Quando as buscas começaram, Mary foi encontrar a irmã do garoto toda empolgada. A asssassina disse que ele poderia estar brincando em uma pilha de concretos em um terreno baldio das proximidades. Ele realmente foi encontrado lá, mas morto – seu estômago e genitália haviam sido mutilados com uma navalha e uma tesoura encontrados na cena do crime. Segundo a criança – parece errado chamá-la assim –, ela matou Brian porque "ele não tinha mãe e ninguém sentiria falta dele". Mary Bell foi muito mais perversa do que aqui descrevi, inclusive provocando os parentes das vítimas, deixando pichações na creche de Martin dizendo que o havia matado (algo como "Eu matei 'Martain' Brown, fodam-se, seus bastardos")... Mas é tanta coisa que ela deveria ter um post só para si.
![]() |
Brian Howe e Martin Brown, respectivamente. |
SENTENÇA: Prisão por tempo indeterminado. Foi libertada da prisão 12 anos depois, em 1980. Recebeu um novo nome para reiniciar sua vida com uma filha nascida em 1984. Em 2009, Mary Bell tornou-se avó.
Eu gosto de ferir os seres vivos, animais e pessoas que são mais fracos do que eu, que não podem se defender. - Mary Bell aos 11 anos de idade.
![]() |
Mary Bell atualmente. |

QUEM: Viúva diversas vezes, também enterrou seus filhos. Todos morriam “por acidente” e, às vezes, de causas semelhantes. Os vizinhos começaram a suspeitar de Belle quando ela mudou-se para uma casa do campo em La Porte, no norte de Indiana, e seu segundo marido, Peter Gunness, morreu nove meses após o casamento de forma inusitada – segundo a viúva, um moedor de carne de ferro fundido caiu na testa de Peter enquanto ele tentava alcançar seu sapato. Mesmo antes disso, vários incêndios ocorreram envolvendo a mulher, o que junto com a morte dos maridos deixou-lhe uma soma considerável de dinheiro pelo seguro. Gunness atraía homens ricos que nunca mais eram vistos para sua fazenda – postava anúncios em jornais dizendo que era rica, possuía uma casa de campo e estava à procura de um amor.
INFÂNCIA: Não se sabe muita coisa de Gunness, exceto que nasceu em 11 de novembro de 1859 e imigrou para os Estados Unidos em 1881. Possuía 1,83m de altura e pesava 92 kg.
COMO MATAVA: Tanto pela ganância quanto pelo prazer. Gunness foi uma das exceções entre as assassinas em série do sexo feminino – que geralmente optam pelo envenenamento na hora de liquidar suas vítimas. Embora tenha matado o primeiro marido e seus dois primeiros bebês com veneno, presume-se que sua forma favorita de matar incluía muita violência. Os cadáveres desenterrados de sua fazenda mostravam sinais de assassinato violento, incluindo aí o fato de estarem todos desmembrados e espalhados pela propriedade. Para matar seus pretendentes, Belle conseguia seduzi-los, atraía-os para um quarto secreto, os cloroformizava e em seguida os assassinava com um machado.
VÍTIMAS: Estimadas em quarenta e duas vítimas, incluindo seus pretendentes, namorados, maridos e filhos e filhas.
![]() |
Restos de vítimas de Belle Gunness encontrados em caixa enterrada na propriedade. |
SENTENÇA: Em uma madrugada, a casa de campo foi completamente destruída pelo incêndio. Nos escombros, encontraram os corpos de três crianças (filhos mais novos de Belle) e de uma mulher adulta decapitada, cuja cabeça jamais foi encontrada. Presumiu-se que fosse a própria Belle, embora a perícia tivesse dúvidas. Lamphere, empregado de Belle e seu amante, confessou que ela na verdade encenou a sua morte e fugiu com 100 mil dólares. Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas ela foi declarada morta.
![]() |
Os corpos da mulher e dos três filhos de Gunness foram encontrados no porão do que sobrou da casa. |

Então é isso, gente. Recentemente assisti Atividade Paranormal – Dimensão Fantasma, e embora geralmente tenha pesadelos quando assisto a franquia, isso não aconteceu dessa vez. Os pesadelos continuam nesses dois dias que levei para fazer a postagem, claro, mas agora são habitados por pessoas reais, de carne e osso, que existiram ou já não existem... E que podem estar morando bem ao meu lado sem que eu saiba. Os assassinos em série, no fim das contas, sempre foram o que mais temi desde a minha infância. Espero que vocês tenham entendido o motivo ao chegar ao final desse post. Até a próxima, pessoal.
Foram utilizados na confecção deste post o site Murderpedia e o livro Serial Killers - Anatomia do Mal (DarkSide Books, 2015).
0 comments