Você no Mel #2 || It - A Coisa
Título: It - A Coisa || Autor: Stephen King || Tradutor: Louisa Ibañes || Editora: Suma de Letras || Brochura || 1104 páginas || ISBN: 978-85-60280-94-0 || Gêneros: terror e suspense || Skoob || Compare os preços.
IMPORTANTE: AS FOTOS DESTA POSTAGEM FORAM RETIRADAS DO BLOG "LIVROS SÓ MUDAM PESSOAS".
Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança e... do medo. O mais profundo e tenebroso medo. Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Em It : A Coisa, clássico de Stephen King em nova edição, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.
O talento de Stephen King em criar atmosferas horripilantes e situações de gelar a espinha fica bem evidente em A Coisa, livro que é considerado uma de suas obras-primas. A imagem do palhaçomonstro foi eternizada como um ícone da cultura popular mundial e continua muito presente. Mas os leitores de King também sabem que ele é mestre em construir personagens bons e isso, pra mim, é a melhor parte do livro. Além de arrepios e muita tensão, a história nos apresenta personagens maravilhosos. São sete protagonistas, os amigos Ben, Bill, Richie, Stan, Mike, Beverly e Eddie (o Clube dos Otários) que terão cada um sua história e personalidades bem descritas.
O livro é gigante, 1102 páginas, então prepare-se para gastar muito tempo nele. Se bem que a técnica narrativa prende a atenção e dá vontade de continuar lendo pra saber o que acontece a seguir, o que faz a leitura fluir.
A trama principal se passa em duas épocas, contadas ao mesmo tempo, intercalando presente e passado (quando eles eram crianças), de forma que o leitor vai montando o sinistro quebra-cabeças que é o mistério da simplória cidade fictícia de Derry. Algo maligno e não-nomeado assassinou várias crianças em Derry no passado, um ser que assume várias formas, mais frequentemente a de um palhaço chamado Pennywise. Quando os assassinatos recomeçam 30 anos depois, nossos protagonistas precisam encarar novamente o pesadelo que viveram trinta anos atrás, pois A Coisa despertou novamente.

Os personagens são muito bem detalhados, é admirável como King vai fundo em cada um deles. As crianças desenvolvem uma grande amizade e são mostrados vários aspectos disso, o que me lembrou um pouco outra obra do autor: “Conta comigo”. Eles são muito carismáticos, especialmente Ben Hanscom, com sua paixão ardente e secreta por Bev e seu gosto por livros ou Bill Denbrough, com sua coragem e magnetismo junto às outras crianças. Há ainda muitos outros personagens e outros “vilões” além da Coisa. É perturbador como o autor entra na mente deles também, como uma criança psicopata ou um homem que espanca a mulher. Até mesmo uma breve perspectiva da própria Coisa nos é dada (o momento mais empolgante pra mim).
Além dos acontecimentos em torno dos protagonistas, também são narrados outros fatos violentos ocorridos na cidade ao decorrer das décadas, que nada tem a ver com eles. Para alguns, isso torna o livro cansativo, com tantas mini-histórias paralelas, mas pra mim isso reforçou o sentimento de “decifrar o enigma” da cidade.
“It” nos proporciona momentos que provavelmente nunca mais esqueceremos. A curiosidade em torno da Coisa, de onde vem, o que pretende, qual é sua verdadeira forma, isso tudo arrebata muito o leitor. Há momentos de violência, terror, ternura, tensão, paixão, sexo, bullyng, racismo, conflitos e dramas familiares, tudo isso e muito mais. Inclusive, alguns momentos “wtf”, os quais me atrevo a dizer que dispensaria. Mas, nem por isso, deixa de ser uma experiência bem intensa e satisfatória. Me pego às vezes relembrando a casa abandonada na rua Neibolt, o Barrens ou a bilbioteca pública. E com vontade de reler o livro, o que é bem difícil de acontecer comigo.
Esse foi o Simão Souza, gente, com sua resenha no mínimo fantástica. Se você quer fazer parte da coluna Você no MeL, é só mandar um e-mail pra gente: melivrando@live.com.
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