Viver sem ler é perigoso.

3 casos assustadores investigados por Ed e Lorraine Warren


Somos curiosos por natureza. Às vezes, essa mesma curiosidade assume um manto de morbidez. Gostamos da adrenalina de sentir medo, da possibilidade de estar diante do desconhecido. Com certeza sairíamos correndo ao primeiro ruído estranho que ouvíssemos estando sozinhos em casa – afinal, não somos protagonistas suicidas de clichês de terror. Porém, ao mesmo tempo, você quer sentir seu coração acelerar um pouquinho e ter uma história emocionante para contar no dia seguinte. Ouviu alguém chamar o seu nome sem ter ninguém em casa. A porta do quarto abriu sozinha. Seu gato miou ao lado da cama, mas você não tem gato. Pequenas coisas assim, que sejam inofensivas, mas guardem toda uma emoção no cerne do acontecimento.
Ed e Lorraine Warren: Demonologistas foi publicado em 2016 no Brasil pela Editora DarkSide Books. A edição em si dispensa comentários: é a qualidade da Caveirinha, que sempre se esforça para transformar nossa experiência de leitura em algo muito além de ler palavras num papel amarelado. Não, aqui temos todo um cuidado na diagramação, com os cabeçalhos dos capítulos sempre ilustrados, e folhas de guarda temáticas com o icônico W dos Warren. Ademais, na metade do livro você encontra fotos reais, não manipuladas, de alguns dos casos mencionados. A capa, com a textura característica de livros da editora, apresenta o título da obra em letras douradas e brilhantes. Acima, o que imagino ser o título de uma coleção – Arquivos Sobrenaturais. A lombada remete a um livro antigo e maltratado, às vias de se arrebentar todo. Na capa traseira há a famosa foto do casal Warren verdadeiro. Por fim, para coroar a edição, há a onipresente fitinha vermelha que tanto facilita a vida dos leitores.


O livro é basicamente uma biografia do casal, baseado em uma série de entrevistas realizadas pelo autor, Gerald Brittle, contando sobre a vida dos Warren: desde sua infância até o momento em que se conheceram, casaram e como começaram a se envolver com o paranormal. A cereja do bolo, porém, é a revisitação que Ed e Lorraine fazem sobre os casos que investigaram no decorrer de mais de cinquenta anos. 

Uma das coisas mais desconcertantes que me aconteceu quando criança (...) foi que eu tinha sonhos com uma freira que vinha conversar comigo. Chegou ao ponto em que contei ao meu pai sobre essa mulher, e a descrevi em detalhes. Certa noite, meu pai disse, perplexo: “Essa mulher era a sua tia.” Eu nunca conheci minha tia. Ela faleceu antes de eu nascer. Fiquei sabendo que ela tinha sido freira e havia passado por sofrimentos físicos inacreditáveis. Meu pai costumava chama-la de santa, por falta de um termo melhor. Em um dos meus sonhos ela me disse algo que começou a fazer sentido apenas quando me tornei adulto. “Edward”, disse ela, “você apontará a muitos padres o caminho certo a seguir, mas você nunca será padre”. Bem, não sou padre, mas de fato trabalho em conjunto com eles, e instruo aqueles que foram designados para trabalhar na área da demonologia e do exorcismo. Assim, com toda a franqueza, meu trabalho não é um chamado. Em vez disso, eu diria que estou simplesmente cumprindo meu destino. – Ed Warren respondendo ao autor do livro, quando perguntado como se envolveu com a demonologia.

Em todo o livro, há duas coisas interessantes de se notar: a certeza da crença dos Warren, que está bem distante da simples fé; e o amor que o casal compartilha entre si. É uma coisa linda de se ver, essa última. Parece aquele casal que existe tão somente em romances água com açúcar. O modo como cuidam um do outro é sublime, uma relação em que há um respeito mútuo e belo pelo que fazem, pelo que dizem, pelo quanto se amam.

A existência dos espíritos não é uma questão de fé, é uma questão de provas. Na verdade, a pergunta nem é tanto se os fenômenos estão ali, mas por que estão ali. E por que interferem tanto nos assuntos humanos?

Ah, você sabia que usamos o termo sobrenatural de forma bastante equivocada? Segundo Lorraine Warren, sobrenatural significa “atividade provocada por Deus e Seus anjos”. Como, porém, é mais fácil entendermos que sobrenatural é “atividade provocada por qualquer força ou agente que não faça parte do nosso reino físico”, e é assim que usamos a palavra. O correto seria chamarmos de atividade preternatural, que é aquela promovida por espíritos inumanos. Não soa tão intrigante, né? Imagine Sam e Dean Winchester protagonizando uma série com esse nome...

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Não parece muito interessante...

Enfim, vamos agora aos casos mais assustadores investigados pelo casal Warren. Decidi não me aprofundar nos mais famosos, uma vez que já foram exaustivamente explorados pelo cinema, livros e outros sites. Por isso, aqui irei abordar aqueles que não receberam tanta atenção da mídia.



Conjurações no Natal


Sandy e Al Foster eram um casal que morava em uma residência estilo Cape Cod na Inglaterra com seus três filhos: Meg, Joel e Erin, e que estavam passando por maus bocados quando decidiram procurar ajuda. Ed e Lorraine, que coincidentemente estavam na Inglaterra a trabalho, receberam uma ligação da mãe. Reconhecendo o desespero da família como um sinal de que algo realmente terrível estava acontecendo, os Warren resolveram ajudar e, no mesmo dia, se dirigiram à residência atormentada. Assim que chegaram, Ed iniciou sua entrevista rotineira nos casos, e logo ficou sabendo que a filha mais velha do casal, Meg, sempre nutriu interesse pelo oculto, e por isso sua mãe presenteou-lhe no Natal com um livro de conjuração de demônios – sim, super normal. A menina, então, seguiu os passos de alguns dos rituais mais fáceis – mais uma vez, super normal. E agora estão reclamando de perturbações demoníacas. Por que será, hein?
As manifestações estranhas incluíram as crianças ouvindo passos, sussurros altos e alguém (ou algo) movimentando toda a mobília no andar de baixo. Meg era a que mais presenciava esse tipo de coisa – sentiu uma mão tocar-lhe o ombro quando estava sozinha subindo as escadas, ouviu passos saindo de seu quarto e logo em seguida viu uma bola prateada fazendo o caminho de volta ao cômodo. Nesta mesma noite, percebeu que o relógio de seu quarto estava três horas adiantados, e quando foi ao quarto do irmão, viu que o dele estava três horas atrasado. Em outra ocasião, Joel desceu de seu quarto, tarde da noite, e viu o cachorro surdo da família rosnando para algo na sala vazia. Os pais, Sandy e Al, também passaram a ouvir coisas, como um pássaro canoro cantando do lado de fora de seu quarto, como costumava fazer quando existia um pinheiro ali – o mesmo que havia sido cortado há alguns meses. Além disso, que pássaros canoros costumam cantar de noite?

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Se você receber um livro de conjurações, POR FAVOR, não tente conjurar o que quer que exista nele. Na verdade, queime e jogue fora.

O capítulo narrando esses acontecimentos é de perder o fôlego, porque quem está contando é Meg, e algumas vezes Joel, ambos num ritmo frenético e usando termos e palavras em seu nível de compreensão – quinze e quatorze anos, respectivamente.

A única coisa de que me lembro da parte de dentro da casa (...) é que o rádio não estava tocando – estava chiando, como se estivesse captando estática. De qualquer forma, saímos da casa e decidimos correr até o campus da universidade para ligar para alguém. Nunca vou me esquecer disso. Tinha cachorros lá fora e, quando nos viram correndo, começaram a correr junto com a gente. Mas, quando chegamos perto, eles correram para trás! E os pássaros – enquanto estávamos correndo, o bosque inteiro estava cheio de pássaros piando feito loucos! – Joel narrando um episódio particularmente assustador da atividade, quando estavam sozinhos em casa.
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Não parece uma vibe meio Os Pássaros?

As crianças contaram, ainda, que enquanto correram pela rua à noite, os pássaros piavam muito alto apenas do seu lado esquerdo. Ao mesmo tempo, sentiram-se perseguidos por algo maciço, que corria atrás dos três. Quando alcançaram um poste de luz, porém, a sensação de perseguição e o canto ensandecido dos pássaros foram embora. Pareciam finalmente ter encontrado um refúgio daquela loucura – até que a luz do poste começou a falhar e o terror voltou com força redobrada. Os três alcançaram, por fim, o campus da universidade, lutando contra a força que queria empurrá-los de volta para a casa; chegando lá, usaram um telefone público para ligar para os pais, que disseram ter sido apenas um pesadelo... Como geralmente costuma acontecer quando envolve crianças.
Se teve uma história que me deixou arrepiada, certamente foi essa. Após Ed ter encerrado a entrevista, Lorraine observou que ao andar pela casa, logo que chegou ali, sentiu vibrações negativas no quarto de Meg. As vibrações eram tão fortes que Lorraine sequer foi capaz nem de entrar no local, sendo empurrada por uma pressão que não a queria no cômodo. A atmosfera como um todo estava bem carregada e o ódio presente na residência era quase tangível e sufocante para Lorraine, tão sensível a esse tipo de coisa. Ela e Ed sabiam que estão diante de uma atividade demoníaca.
Ao constatarem isso, o casal sugeriu que a família saísse para um passeio enquanto cuidavam da situação. Ed explicou, então, como começou o exorcismo da residência com a etapa do esconjuro – “Em nome de Jesus Cristo, ordeno que todos os espíritos, humanos ou diabólicos, saiam desta habitação” –, aspergindo água benta nos quatro cantos dos cômodos enquanto segurava um crucifixo, sem obter qualquer resposta ou reação imediata. Apenas quando tentaram cuidar do quarto de Meg que as coisas ficaram mais complicadas. Na primeira vez, simplesmente não conseguiram entrar ali, sendo forçados a recuar pela força que atuava no ambiente, ouvindo uma gargalhada sinistra ao pé da escada. Na segunda vez, quando enfim entraram, a atmosfera projetada no lugar faria qualquer inexperiente sentir pena do que quer que estivesse no quarto, pois a intenção do espírito inumano era que os dois ficassem tão cheios de comiseração que o deixariam em paz. Isso não ocorreu: não com Ed e Lorraine Warren, acostumados a esse subterfúgio. Após esconjurar o quarto, Ed juntou todas as coisas relacionadas ao oculto no quarto de Meg (velas pretas, roupas apropriadas às práticas, livros de bruxaria) e levou-as consigo para se livrar delas. Mas nem isso significava que o pesadelo acabara – conforme Ed avisou à família, tudo dependeria de ficarem distantes de qualquer envolvimento com o paranormal:

(...) sua melhor proteção pelas próximas semanas e pelos próximos meses é cultivar interesses positivos como um escudo contra a negatividade. Se forem religiosos, considerem ir à igreja em família uma vez por semana, como mostra de sinceridade. Essa atitude seria um bom começo para neutralizar a força espiritual que foi atraída para este lugar. Em suma, sua filha fez algo negativo que agora precisa ser contrabalançado com algo positivo. Consequentemnete, todos vocês estão susceptíveis a uma repetição desses eventos – a menos que cultivem o desejo de que isso não aconteça de novo. Lorraine e eu fizemos o que estava ao nosso alcance. O resto é com vocês. (...) A propósito, o espírito nessa casa está dormente, (...) mas não foi embora.

Após este último aviso, à vista de todos, os óculos de grau de Lorraine levitaram no ar, girando uma vez, e caíram no chão, quebrando uma das lentes. Acho que o recado foi entendido. 



Os Carlson

A família Carlson, na década de 30, era composta pela esposa, marido, a filha recém-nascida e outra mais velha. Adquiriram, com muita felicidade, uma hospedaria antiga na Nova Inglaterra. Parecia que a vida dos sonhos estava prestes a ter início.
Nathan Carlson, o pai, passava a semana inteira viajando, restando apenas a esposa e as filhas na casa antiga, além de alguns empregados. As coisas começaram a acontecer logo nas primeiras noites: passos arrastados de botas, cobertores sendo puxados e um terror que não tardou a fazer os funcionários sempre pedirem demissão. Em seguida começaram os sussurros, ouvidos pela Sra. Carlson e sua irmã que morava ali perto e constantemente a visitava – sussurros audíveis por detrás de portas fechadas, que quando abertas cessavam, e sempre em um idioma desconhecido. Luzes acesas em lugares em que não havia eletricidade, quedas bruscas de temperatura, mãos materializadas que tocavam ombros... Enfim, tudo isso ocorrendo por anos a fio. Mais tarde, ainda residindo naquela casa, os Carlson tiveram um filho prematuro de seis meses – e certa noite encontraram a porta de seu quarto estourada e a temperatura tão baixa que o bebê quase morreu de hipotermia. Esta foi a primeira e evidente tentativa de homicídio protagonizada pela força inumana que vivia ali.
Lorraine, quando foi investigar a casa usando seus dons, descobriu que uma massa negra, que já havia aparecido para a Sra. Carlson, havia engolido duas pessoas que residiram naquele lugar em tempos passados – elas desapareceram sem explicações e jamais foram encontradas. A atividade como um todo, aliás, parecia estar direcionada mais à mãe, buscando enlouquecê-la e fazê-la perder o juízo, e atormentou-a por anos. Não fosse a interferência dos Warren, com certeza o fim derradeiro da situação toda seria a Sra. Carlson como mais uma vítima da massa negra, engolida por ela e desaparecida para sempre.



(...) Na casa dos Carlson, Lorraine conseguiu detectar que a massa negra havia engolido duas pessoas. O primeiro a literalmente desaparecer sem explicação foi o lacaio de um soldado. A massa negra se aproximou dele no estábulo, nos fundos da casa, no ano de 1776. Nunca mais foi visto. A segunda pessoa a desaparecer foi uma garotinha de uns 14 anos de idade, chamada Laura DuPre, que correu para dentro de um armário da casa para fugir da massa negra, mas em seguida foi engolida por ela. Isso ocorreu por volta da virada do século XX e a polícia estadual ainda mantém o seu nome na lista de pessoas desaparecidas.

Diferente de outras histórias envolvendo atividade demoníaca, nesta aqui a família Carlson seguiu a recomendação da coisa que os atormentava (ainda que tenham resistido durante anos). Quando, numa noite, a Sra. Carlson, em mais um dos episódios aterrorizantes na residência, recebeu um claro e ameaçador recado do espírito inumano – “Saiam!” –, obedeceu-o. Assim, a família saiu da residência, embora continue vivendo na mesma cidade, e nunca mais foram incomodados.


Patricia e Melinda

Patricia Reeves e Melinda eram duas amigas que dividiam o aluguel e encontraram a oportunidade perfeita para comprar a casa dos sonhos, de novo na Nova Inglaterra (vou lembrar de jamais me mudar para qualquer residência por lá).
Curiosamente, a aquisição ocorreu logo após Patricia, já desacreditada da vida, realizar um ritual de prosperidade que encontrou em um livro de bruxarias (pelo jeito livros do gênero são irresistíveis). As coisas então foram acontecendo: após procurar incessantemente, de forma obsessiva, por alguma residência que a própria Patricia não sabia qual seria, ela encontrou-a. Coincidentemente (ou não, segundo Lorraine), achou exatamente a mesma com a qual sonhava todos os dias desde os doze anos de idade. Destino, pensou a jovem.
Enfim, a atividade teve início antes mesmo de as duas se mudarem para a casa: viajaram três vezes (número simbólico para a demonologia, que zomba do Pai, do Filho e do Espírito Santo) para a empresa imobiliária, visando ratificar seu desejo de comprar a propriedade; ainda que não possuíssem nem metade do dinheiro para adquirir a casa, Patricia inscreveu-se em um programa e no dia do seu aniversário ganhou dez vezes o valor necessário para dar entrada na propriedade; os funcionários requisitaram três assinaturas para a hipoteca, por motivos desconhecidos; ainda na antiga residência, dias antes de se mudarem à Nova Inglaterra, as amigas ouviram um intruso esmurrar a porta de seu quarto, o que as motivou a se mudarem pela suposta falta de segurança.





Quando fixaram residência na nova casa, tudo ficou ainda mais estranho. Os dois cães das amigas, que eram dóceis, começaram a brigar um com o outro de forma violenta, bem como Patricia e Melinda, que discutiam pelos mais ínfimos motivos relacionados a tudo e qualquer coisa – o que antes não ocorria. Por fim, quando iam dormir, escutavam cânticos macabros de enregelar a alma, e quando acordavam diversos produtos de limpeza haviam sumido, sendo substituído por gotas de sangue. Pegadas esquerdas na neve começaram a aparecer, a intervalos de 91,5 cm, numa neve fofa que chegava à altura dos quadris.
Susan, a irmã de Patricia que estava ajudando nas reformas do lugar, ficou tão atormentada que não conseguiu permanecer muito tempo na casa, e quando voltou para a sua própria usou uma faca de açougueiro para esfaquear-se brutalmente: três ferimentos que deveriam ter sido fatais e o médico que a atendeu não sabia como poderia ter sobrevivido. Melinda, a amiga de Patricia que decidiu se mudar para Ohio após os acontecimentos estranhos, foi violentamente estuprada na mesma noite em que saiu do lugar assombrado. Aterrorizada, decidiu voltar para a residência na Nova Inglaterra, “preferindo o terror mental à brutalidade da violência física”. Melinda também parecia assumir uma personalidade totalmente diferente e homicida sempre que Patricia queria fazer alguma mudança radical na casa, como por exemplo cortar alguns pinheiros que cercavam o imóvel.
(...) para aquelas mulheres, a morte estava realmente muito próxima. Aquela casa de fazenda era um lugar mortal. Quando Ed e eu percorremos de carro a via de acesso à propriedade, vi – pela segunda visão – pessoas vestindo túnicas realizando algum tipo de ritual profano na campina ao lado da casa. Havia cânticos, e o show todo estava acontecendo á noite; as pessoas usavam um ser humano – ou vítima – como altar. Ao entrarmos na casa, ficou evidente para mim que quem quer que tivesse vivido na ali antes havia praticado matança e mutilação de animais. Eu conseguia sentir a tristeza de muitas centenas de animais, pequenos e grandes, que haviam sido mortos no local. E, na casa, a atmosfera, o próprio ar que se respirava estava pesado de maldade e de perversidade. O lugar também me causou repulsa e ficou claro que apenas por meio de opressão demoníaca alguém podia viver em um território tão infernal. (...) Enquanto Ed entrevistava as mulheres, decidi caminhar pela residência. Um dos cães corgi me acompanhou. (...) De repente, o cão disparou pelo corredor, derrapando ao parar diante da porta de um armário, onde começou a rosnar com agressividade. Abri a porta. O armário cheirava a uma fossa. O cão se virou para alguma coisa dentro do armário e, então, segundos depois, para minha perplexidade, uma figura totalmente negra – na forma geral de um homem, mas sem feições – saiu correndo do armário, passou por mim e subiu depressa as escadas, com o corgi nos seus calcanhares, a persegui-lo. Em toda a minha vida, nunca vi o demônio assumir uma forma tão abertamente humanoide.

Esses foram os três casos mais assustadores que encontrei no livro – o que não significa que outros não tenham sido de enregelar o sangue, como Amityville e Annabelle e até mesmo Enfield (que não teve participação muito grande do casal). Há também ataques dos quais Ed e Lorraine quase foram vítimas (tipo de coisa que, segundo eles, sempre acontecia quando estavam prestes a se envolver com um caso, ou após terminá-lo). Eles narraram, por exemplo, uma situação em que haviam acabado de libertar um homem de atividades inumanas que estavam ocorrendo em sua vida. Como de praxe, levaram para casa o objeto amaldiçoado em questão, aquele que parecia ser a âncora do espírito ao nosso mundo físico. Nesse caso, tratava-se de um espelho de conjuração que foi colocado no banco traseiro do carro dos Warren, rumo ao Museu Oculto do casal.
Primeiro, por diversas vezes o carro quase sofreu acidente com outros veículos. Um pequeno buraco fez estourar um pneu radial novo, por exemplo. A pista coberta de gelo estava bem propensa a colisões, e por pouco outros motoristas conseguiram desviar. Mais tarde, um caminhão preto, sem placas ou qualquer marca de identificação, surgiu uma dúzia de vezes passando ao lado do veículo dos Warren e jogando no para-brisas uma gosma verde que bloqueava totalmente a visão – quando Ed limpava e conseguia ver algo, o caminhão desaparecia. Por fim, um carro preto-azeviche, com faróis apagados, passou a toda velocidade ao lado do casal, subindo numa colina e, em seguida, voltou-se para os dois. Acelerando, o veículo tornou a descer, correndo diretamente contra os Warren a uma velocidade absurda.
Já não havia tempo. Minhas últimas palavras para Lorraine foram: “Invoque São Miguel!”. Faltando dois segundos – e, nessas situações, você pensa em termos de tempo, não de distância – meus braços estavam firmes no volante e eu estava pronto para a batida. Um segundo antes da colisão, inspirei uma última vez. Então, bem no instante do impacto... SSSHHHHH!!! Era um carro-fantasma! Lorraine tinha razão.

Aparentemente essas situações são corriqueiras na vida de quem enfrenta as forças ocultas. Rosnados guturais, presenças pela casa, animais se materializando do nada e ruídos estranhos também entram no pacote. Acho que nunca estive tão feliz em ser blogueira.
Mas e aí, está pensando muito em espíritos agora? Deixo aqui um recadinho de Ed Warren a você:
(...) Espíritos não são afetados por barreiras físicas – nem pela distância, aliás. O simples ato de pensar em um espírito específico é suficiente para atraí-lo até você.

Mas, claro, se você não tiver opção e for parar numa casa dominada por atividade preternatural, não custa nada torcer para que seja um espírito camarada e tranquilo.




Ed e Lorraine Warren: Demonologistas - DarkSide Books
  Título do Livro: Ed & Lorraine Warren: Demonologistas – Arquivos Sobrenaturais
  Autor: Gerald Brittle
  Tradução: Giovanna Louise
  Editora: DarkSide Books
  Páginas: 272
  Onde Comprar: Amazon || Submarino || Saraiva 
  Livro cedido em parceria com a editora.
  




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