Viver sem ler é perigoso.

Entrevistando 01: Jim Carbonera



        Antes de qualquer coisa, preciso iniciar esse post agradecendo a vocês. Foram exatamente 66 comentários no último post de A Guerra dos Tronos! Vocês simplesmente se superaram. Nunca imaginaria que em menos de um mês meu blog teria tantos comentários. Isso me faz sentir que esse aqui é o meu lugar    Obrigada pelo retorno. Vocês são demais.



        Agora, falando sobre a nova coluna de hoje, escolhi o Jim para estreá-la. Por quê? Porque ele foi incrível com seu livro VERME!, super gentil comigo e é um cara muito gente boa que vocês simplesmente precisam conhecer um pouco mais. Com vocês, Jim Carbonera!

1. Quanto ao Rino Caldarola, você buscou inspiração em si mesmo ou em algum amigo para compor o personagem?
Concordo com a frase: A arte imita a vida. Ela se encaixa perfeitamente no meu estilo de literatura. Costumo dizer que o escritor é um ladrão de histórias. E é isso que eu faço, furto histórias de tudo que me cerca. Sejam de familiares, amigos, conhecidos, jornais, redes sociais, etc. Um escritor, antes de tudo, deve ser um curioso profissional  e um instigador nato.

2. Rino utiliza algumas técnicas no decorrer do livro para tentar escrever, como andar com um bloco de notas a tiracolo e fazer anotações. Você faz o mesmo?
Hoje em dia ando variando um pouco. Às vezes um bloquinho de notas, em outra ocasiões o bloco de anotações do celular e, por último, estou tentando me adaptar a um aplicativo de gravador de voz. Mas sempre que anoto ou gravo algo, chego em casa e despejo tudo no computador (Google Drive) para não correr o risco de perdê-las.

3. Como foi o processo de composição do livro? Como é escrever, quais dificuldades enfrentou?
Escrever é um processo árduo. Ideias todos temos, agora, ter a paciência para sentar e colocá-las no papel, é para poucos. Normalmente meu processo de criação, seja para contos ou romances, é o mesmo: escrevo fragmentos desordenados que aos poucos vou procurando inserir na história. Claro, que muita coisa é retirada depois do término do primeiro "rascunho", e outras acrescidas. Mas normalmente é este método que uso. A maior dificuldade que enfrento é minha autocrítica. Sou extremamente exigente com meu trabalho. Nunca estou satisfeito. E se não fosse pela minha consciência de que outros escritores ao longo dos anos passaram por essa inquietação, acho que nunca teria lançado um livro sequer. Estou sempre querendo acrescentar ou retirar algo de minhas obras.

4. Seu livro é cru e nu e não tenta maquiar de forma alguma o homem, o mostra como ele é. Isso inclui cenas de sexo, DSTs, muitos palavrões... Houve alguma polêmica envolvendo esse aspecto em seu livro ou desaprovação por parte de família ou desconhecidos?
Isso é algo que não abro concessões. Independentemente de críticas ou não, não imponho censura ao que escrevo. No Verme! as críticas foram tranquilas, o pessoal absorveu melhor. Acho que se identificaram mais com o contexto descrito. Agora, no Divina Sujeira (meu primeiro livro), senti as pessoas muito mais incomodadas pelos temas que abordei. O Divina, diferente do Verme!, é um livro que não dá para ficar em cima do muro. Ou você o idolatra ou o vomita. Foram impressos poucos exemplares pela editora que o publicou na época. Pretendo remodelá-lo e relançá-lo dentro de um ou dois anos. Há muitos leitores pedindo isso.

5. Qual foi sua ideia para a capa de "Verme!"?
O objetivo da capa é passar uma imagem de introspecção, desilusão e angústia. E quem procuramos quando estamos num momento assim? O copo. E como o Rino tá desiludido com o bairro em que mora, com os dramalhões de sua mãe, angustiado por não conseguir escrever e sem perspectiva de um dia ser reconhecido como um grande escritor, achei a ideia do capista excelente. Claro, além do protagonista admirar a boêmia e tudo que a cerca.

6. Que dicas você pode oferecer a aspirantes a escritores que enfrentam o mesmo problema de Rino no decorrer do livro: a dificuldade em escrever, em passar uma história para o papel?
Que leiam o livro "Oficina de Escritores: Um Manual Para a Arte da Ficção", do autor Stephen Koch. Esta obra - apesar de ter somente 315 páginas - é uma das mais completas e dinâmicas sobre o tema. Aborda de maneira simples e direta a arte de escrever. O autor cita dezenas de escritores e seus métodos de criação. Mas eu, sempre que estou em maus lençóis, pego alguma história do meu cotidiano semanal e tento criar uma história em cima dela. Em outros casos, pesquiso notícias no jornal e na internet e monto alguma ficção. Grande parte não utilizo para nada, porém, me servem para continuar praticando e aperfeiçoando.


Esse foi o Jim, gente. Um autor nacional que tive a maior honra e prazer em conhecer. Você pode conferir a resenha de Verme! aqui e neste outro post há quotes da obra que eu simplesmente amei. Ainda não leu "Verme!"? Você não sabe o que está perdendo. Um livro visceral que deveria estar na cabeceira de cada brasileiro. Talvez lê-lo ajudasse a reduzir a hipocrisia e falso moralismo tão impregnados em nossa sociedade.

Conheça (e dê um like) a página do autor!



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