Viver sem ler é perigoso.

Me Livrando 23: Serial Killers - Anatomia do Mal


     Eu nunca fui muito normal. Sempre gostei de temas mórbidos e achei intrigante a astúcia de assassinos em série (pelo menos a  maioria é inteligente, né?). É um interesse pelo tema que vem de família, pois quase dez anos atrás eu costumava acessar o Medo B com minha mãe ao lado, e juntas víamos os piores relatos de assassinatos cometidos por esses psicopatas. Entrei para a Mundo Estranho em 2013 para participar da Turma do Fundão, mas não teria conhecido a revista se as bizarrices não me atraíssem. O que aconteceu então quando Serial Killers - Anatomia do Mal chegou em minha casa? Bem, eu pirei. Totalmente.


Serial Killers - Anatomia do Mal, de Harold Schechter, foi um livro publicado em 2013 pela DarkSide Books. O livro conta com 480 páginas, capa dura e tradução de Lucas MagdielSaiba mais e compare os preços aqui. Encontre-o: Skoob || Orelha de Livro || Goodreads.


Livro cedido em parceria com a DarkSide Books.




           Você sabia que serial killers são recentes? Ou melhor, o termo o é. Popularizou-se depois dos ataques de Jack, O Estripador, mas é óbvio que assassinos assim sempre existiram, assim como nosso mórbido interesse pelo caso. No Século XIX, por exemplo, em Londres, eram comuns publicações do gênero em uma publicação chamada Illustrated Police News. Você encontrava todo tipo de sensacionalismo lá, com ênfase nos relatos ilustrados de assassinatos. Sim, isso que você leu. As pessoas pagavam por uma espécie de jornal contendo detalhes de estupros, estrangulamentos e estripamentos com imagens cuidadosamente desenhadas por especialistas. Você não tinha só a descrição passo a passo do que ocorrera, mas uma arte para ilustrar também.
           Então o livro comenta sobre Hannibal Lecter e você percebe que o autor está certo. Os assassinos em série têm sido glamourizados. Muitos deles possuíram uma infância sofrida, uma adolescência perversa e uma vida adulta anônima e quase desprezada pelos demais. Para mim faz sentido que pensem em cometer suas atrocidades para alcançar uma espécie de estrelato, sabe? Alguns são assim, mas óbvio que a maioria pode usar isso como justificativa pra externar seus mais perigosos e sádicos desejos. Que, aliás, quase sempre têm motivação sexual - pelo menos para os homens.
           Você consegue imaginar um homem que não consegue alcançar o ápice do prazer tendo relações com uma  mulher? Claro que isso existe. Mas com os serial killers é diferente. Eles alcançam o prazer sim... Enquanto estrangulam, enquanto realizam obscenidades com as entranhas de um cadáver. É assim que funciona a mente doentia deles. Existem mulheres serial killers também, mas elas costumam utilizar veneno. Então o autor deixa o questionamento: quem é pior, o homem que mata em um golpe para depois saciar suas perversões ou a mulher que assiste sua vítima sucumbir lentamente, com dores excruciantes no estômago, diarreias violentas e um sofrimento que pode demorar semanas para ter fim?
           No livro você aprenderá a diferença entre assassinato em massa, em série, e relâmpago. Aprenderá que assassinos em série são psicopatas, podem ser psicóticos, mas que nem todo psicopata/psicótico se torna um assassino em série. Descobrirá que crianças e idosos podem ser tão cruéis quanto homens e mulheres no auge da vida. Verá que talvez dê mais atenção a esses monstros do que eles precisam, que os codinomes que lhes atribuem são sempre ridículos e que a mídia os glorifica demais. Começará a temer pessoas que, ao mesmo tempo, urinem na cama mesmo durante a puberdade, cometem atos incendiários e torturam animais (os sinais de perigo para detectar um psicopata). Você, essencialmente, terá muito nojo e asco do que irá ler. Não conseguirá entender as motivações dessas criaturas, mas sem dúvidas estará em suas mentes. E se perguntará como um anjinho como Mary Bell foi capaz das piores atrocidades.






           Minha opinião sobre Serial Killers - Anatomia do Mal é: O livro não decepcionou. Na verdade, eu diria que Serial Killers - Anatomia do Mal superou todas as expectativas. Ao virar cada página de suas 480 páginas, nos deparamos com um livro difícil de ser definido... Não é didático nem informal demais. Harold Schechter conseguiu equilibrar as pesquisas cientificamente comprovadas com a falácia. Derrubou mitos e desconstruiu preconceitos. Se você imagina os assassinos em série como pessoas decrépitas e horríveis, melhor pensar de novo. Um dos piores dos Estados Unidos, Jeffrey Dahmer, possuía cabelos claros, olhos azuis e delicadas feições escondiam o monstro que habitava aquele pele, responsável por 17 homicídios cruéis.
           A qualidade DarkSide Books se fez presente. As folhas são grossas, a capa é particularmente linda e são poucas as páginas sem ilustrações. Os perfis criminais, que se tornaram minhas partes favoritas, são bem estruturados e a maioria conta com uma foto do assassino. São 9 capítulos abordando tudo que você pode imaginar sobre o tema. Ah, vale frisar: leitura não recomendável para pessoas sensíveis. Afinal, serial killers são cruéis (pelo menos a maior parte). Para nos aproximar deles e fazer jus ao que está na capa - "Histórias reais, assassinos reais" e "Entre na mente dos psicopatas" -, Harold não se preocupou em omitir os detalhes mais sórdidos de assassinatos repugnantes.

           Graças a sua pouca idade e aspecto angelical, Mary tem por vezes sido descrita como a 'Semente do Mal Britânica', em referência ao filme de 1956, A Tara Maldita (The Bad Seeds, no original), sobre uma menina colegial de trancinhas cuja aparência encantadora esconde o coração de um monstro psicopata. A comparação só é parcialmente válida, entretanto. A 'semente do mal' fictícia foi criada em um lar estável e amoroso por pais dedicados. Mary Bell, por sua vez, foi transformada em um monstro. Filha de uma jovem prostituta mentalmente perturbada, a menina foi supostamente submetida a abusos inimagináveis, subjugada pela mãe enquanto homens estranhos a brutalizavam sexualmente. Tendo em vista os horrores deformadores da alma que sofreu quando pequena, não é de admirar que Mary Bell tenha se tornado uma predadora de sangue-frio. (Estudo de Caso 07 - A Pequena Assassina Britânica, páginas 64-67).



Avaliação final:



O assassinato em série pode, na verdade, ser um fenômeno muito mais antigo do que imaginamos. As histórias e lendas difundidas sobre lobisomens e vampiros podem ter sido uma maneira de explicar atrocidades tão abomináveis que ninguém nas pequenas e coesas cidades da Europa e da América colonial podia compreender as perversidades que agora aceitamos como algo corriqueiro. Monstros tinham que ser criaturas sobrenaturais. (John Douglas - Caçador de Mentes do FBI)




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