Me Livrando 13: A Busca do Graal - O Arqueiro

Autor: Bernard Cornwell
Editora: Record/Luiz Carlos do Nascimento Silva
Páginas: 444
Ano: 2004
Onde comprar: Submarino || Saraiva || Americanas || Livraria Cultura
Mais informações aqui.
Aos 18 anos apenas, Thomas vê o pai morrer em seus braços após um ataque-surpresa à aldeia de Hookton. Um lugar simples que escondia um grande segredo: a lança usada por São Jorge para matar o dragão, uma das maiores relíquias da cristandade. Em busca de vingança contra um homem conhecido apenas como Arlequim, o rapaz, um arqueiro habilidoso, se junta ao exército inglês em campanha na França, onde se envolve em batalhas e aventuras que, sem perceber, lançam-no na busca do lendário Santo Graal.

O
Arqueiro é um
livro de ficção-histórica que dá inicio a trilogia A Busca do Graal que se
passa no século XIV durante a famosa e sangrenta Guerra dos Cem anos entre a
Inglaterra e França medieval.
“Naquele instante em que a primeira flecha deslizara no céu, ele soubera que não queria mais do que aquilo da vida. Era um arqueiro. Por ele, Oxford podia ir para o inferno, porque Thomas descobrira o que lhe dava prazer.”
Posso
dizer que esse livro nos pega durante as primeiras páginas. Há um jogo de
narrativa que te surpreende e arma um mistério logo no prólogo. Nada de
enrolação para apresentar personagens que demoram dezenas de páginas para se
desenvolver. Tudo flui rapidamente e parte para a primeira parte da história
que é dividida em três, sendo elas: Bretanha,
Normandia e Crécy.
“Os cadáveres genoveses foram decapitados e os corpos deixados para apodrecer, enquanto as cabeças foram empaladas em estacas e fincadas ao longo da margem mais alta do cascalho do Hook. As gaivotas devoraram os olhos e bicaram a pele, descamando as cabeças e revelando ossos que fitavam apaticamente o mar. Mas Thomas não viu os crânios. Tinha atravessado a água, apanhado seu arco preto e se juntado às guerras.”
A
história começa com Thomas, um rapaz
que está estudando para ser padre, mas ama a arquearia. Thomas pratica
escondido do pai que desaprova as atitudes dele e quer que o garoto seja padre.
Na véspera da páscoa Hookton é
atacada por um homem chamado Arlequim
que procura roubar a Lança de São Jorge, artefato que supostamente estava em
poder do padre da cidade. Após roubar a lança, Arlequim mata o pai de Thomas e
foge deixando morte em toda Hookton. Assim, Thomas, decidido e cheio de ódio,
pega seu arco e parte para se juntar ao exército inglês que está em campanha na
França.
“Sket acabara deixando que Thomas se juntasse ao bando, pelo menos porque o rapaz levava seu próprio cavalo. A princípio, Skeat pensara que Thomas de Hookton era pouco mais do que mais um louco bárbaro em busca de aventura — um louco inteligente, sem dúvida —, mas Thomas aderira à vida de arqueiro na Bretanha com entusiasmo.”
A
trama acompanha Thomas durante a campanha inglesa pela França. Várias batalhas
épicas mostram o poder do arco inglês e a vantagem que ele dava contra as
famosas bestas genovesas. Outros POVs são narrados pelo autor, o que dá uma
visão mais realista e ampla da realidade do século XIV e de como eram suas
guerras. Cornwell descreve cada batalha de forma majestosa te colocando dentro
da luta e deixando bem claro as forças e fraquezas de cada estratégia, arma ou
formação de batalha.
Apesar
do nome da saga ser A Busca do Graal, esse primeiro livro não toca no assunto.
A história rodeia o mistério sobre o Arlequim e a família de Thomas. Várias
vezes durante o livro Thomas mostra desinteresse pela promessa que fez ao pai
de reaver a lança e tenta ao máximo fugir do destino dele. A única coisa que
Thomas quer é estar lutando e arrasando terras com os hellequins (nome pelo qual é chamado o grupo de Skeat).
“— São espíritos — disse ela —, espíritos malignos. Certa vez, eles assombraram o país inteiro, e eu rezo todos os dias para o santo, para que ele acabe com os hellequins como expulsou os nains. Você sabe o que os hellequins são?
— Somos nós — disse Thomas, orgulhoso.”
Durante
o começo da trama Thomas faz tanto amigos quantos inimigos que vão cercá-lo pelo
resto do livro. Sir Simon Jekyll, um
cavaleiro nobre e bem nascido, porém pobre, acaba no caminho de Thomas. Simon é
um cavaleiro famoso por sua perícia em combate e também por ganhar vários
torneios, mas quando seu pai morreu acabou deixando várias dívidas que
resultaram na atual pobreza do cavaleiro. Jekyll é aquele típico personagem
extremamente odiável, contudo dentro da realidade da época e também do
personagem é até compreensível a sua personalidade.
“Havia arqueiros em ambos os lados da estrada, e eles saíram da nova folhagem primaveril e soltaram as cordas de seus arcos. A segunda flecha de Thomas estava no ar antes que a primeira atingisse o alvo. Olhe e solte, pensou ele, não pense, e não era necessário mirar, porque o inimigo era um grupo compacto e tudo o que os arqueiros fizeram foi despejar as longas flechas sobre os cavaleiros, e assim, num piscar de olhos, a carga foi reduzida a uma massa confusa de garanhões empinando, homens derrubados, cavalos berrando e sangue espirrando. O inimigo não teve chance. Uns poucos que estavam na retaguarda conseguiram dar meia-volta e fugir a galope, mas a maioria ficou presa em um anel, que se fechava, de arqueiros que fazia suas flechas penetrarem em cotas de malha e couro. Qualquer homem que simplesmente se mexesse atraía três ou quatro flechas. A pilha de ferro e carne estava espetada de penas, e ainda assim as flechas chegavam, atravessando cotas de malha e penetrando fundo em carne de cavalo. Só os poucos homens da retaguarda e um único homem na frente da carga sobreviveram.”
Minhas Impressões
A ambientação do livro e os personagens tornam a história
boa, mas um pouco lenta. O número de detalhes pode incomodar quem não gosta de
uma narrativa densa e cheia de referências à realidade do século XIV. As
batalhas são épicas e o estilo do autor te deixa dentro da parede de escudos ou
da chuva de flechas. Os conceitos de cada unidade e arma, junto com sua
eficácia, dá um gosto mortal ao livro que descreve tudo com maestria. Fiquei
apaixonado pelo livro e por seus personagens tanto históricos quanto
ficcionais. Cornwell me fisgou pela narrativa realista e detalhada com
personagens amáveis e odiáveis.
Tive dificuldade com essa resenha pelo nível de detalhes e
também por ser parte do que ocorreu no século XIV. Outro fato que dificultou
foi a trama bem amarrada e cheia de reviravoltas que exigiam uma resenha maior
e mais densa para ser explicada, coisa que acabei não fazendo.
O que pode dificultar para alguns adquirirem é o preço
salgado dos livros. Recomendo esperar e comprar nas superpromoções os boxes inteiros porque é mais em conta.
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