Viver sem ler é perigoso.

Resenha || Exorcismo, a obra de não-ficção de Thomas B. Allen


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  Título do Livro: Exorcismo (a história que inspirou o clássico Exorcista)
  Autor: Thomas B. Allen
  Editora/Tradução: DarkSide Books/Eduardo Alves
  Páginas: 254
  Ano de Publicação: 2016
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  Livro cedido em parceria com a editora.

Sinopse Um fenômeno quase paranormal atingiu o mundo em 1973. Multidões sofreram de náuseas, desmaios, alucinações e calafrios, numa histeria coletiva sem precedentes. Todos aparentemente possuídos por um filme: o já clássico O Exorcista, dirigido por William Friedkin e adaptado do romance que o roteirista Willian Peter Blatty lançara dois anos antes e que completa 45 anos em 2016. Se a ficção consegue ser tão assustadora, imagine o poder contido na história real? Muitos não sabem, mas a obra-prima de W. Peter Blatty não se trata de uma invenção. Ela foi inspirada num fenômeno ainda mais sombrio, desses que a ciência não consegue explicar: um exorcismo de verdade. A história real aconteceu em 1949, e você pode conhecê-la - se tiver coragem! - no livro Exorcismo, do jornalista Thomas B. Allen, lançamento da DarkSide Books em 2016. Exorcismo narra em detalhes os fatos que aconteceram com Robert Mannheim, um jovem norte-americano de 14 anos que gostava de brincar com sua tábua ouija, presente que ganhou de uma tia que achava ser possível se comunicar com os mortos. Thomas B. Allen contou com uma santa contribuição para a pesquisa do seu trabalho. Ele teve acesso ao diário de um padre jesuíta que auxiliou o exorcista Bowdern. Como resultado, seu livro é considerado o mais completo relato de um exorcismo pela Igreja Católica desde a Idade Média. Os investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren definiram a obra de Thomas B. Allen como "um documento fascinante e imparcial sobre a luta diária entre o bem e o mal".

Se você comprou Exorcismo pensando se tratar de uma história fictícia, pense novamente. Na verdade não se trata nem de acontecimentos verdadeiros sendo narrados, como Horror em Amityville. Não, o foco da obra de Thomas B. Allen é mergulhar profundamente no mundo daqueles onde o exorcismo de fato existiu, muito diferente da mera ficção que você assiste nos cinemas. Aqui o assunto é levado tão a sério que a leitura deve ser feita com cuidado, pois corre o risco de você se perder se não tiver prestando atenção. É como se lesse um livro do colégio. A disciplina? Exorcismo, demonologia e o que há de pior no mundo.


A possessão é o cativeiro do mal. Tanto culturas primitivas quanto desenvolvidas de todas as eras acreditam nela. E todas as culturas que acreditavam em possessão encontraram maneiras de aplacá-la. Para os católicos, essa maneira era o ritual do exorcismo.

Antes de ler a obra em si, eu dei uma olhada no Diário do Exorcista que tem no final do livro. Definitivamente foi o que mais me assustou. Enquanto a escrita de Allen é direta e simples, por se tratar mais de um livro jornalístico do que um horror fictício, no Diário você tem a transcrição completa do que aconteceu com o adolescente Robbie Manheim (o nome original foi alterado) em 1949. Este livro inspirou a publicação, em 1971, da obra mundialmente famosa O Exorcista, de William Peter Blatty, e mais tarde o filme homônimo dirigido por William Friedkin.


O terror começou com a morte da tia espiritualista de Robbie, que passou a tentar contatá-la usando um tabuleiro Ouija que ela mesma lhe dera. Com isso acabou abrindo a porta para o lado de , tornando o seu corpo um instrumento de possessão demoníaca. Aos primeiros sinais de que havia algo de errado com o garoto, ele foi levado a especialistas da área médica mesmo, que diagnosticavam seu caso como simples “aborrescência” – é a idade, eles diziam. Aí veio o lado sobrenatural da coisa: as manifestações demoníacas, os objetos voando pelos ares, a perturbação noturna. Os pais decidiram, então, recorrer à religião. Iniciou-se praticamente uma Cruzada contra o que estava assumindo o corpo de Robbie e atormentando toda a família. Acidentes aconteceram, alguns padres passaram pelo caso e foram embora, até que aqueles que permaneceram no caso começaram a viver uma vida dupla: de manhã eram pessoas normais, e à noite combatiam o demônio. Sem descanso.

“Phyllis Manheim estava aturdida demais para perceber que o corpo de Robbie agia como um tabuleiro Ouija. Ela questionou: Quanto tempo? Enquanto o menino gritava e fazia uma careta de dor, a mãe percebeu, para seu horror, que a pergunta o levava a sentir dor, fazendo com que outra resposta em sangue aparecesse. Agora no peito dele surgiram arranhões que ela acreditou significarem que a família ficaria lá por: três semanas e meia.”

Se você é um entusiasta do assunto, esse livro é indispensável. Se você gosta de assuntos relacionados à Igreja Católica, esse livro é indispensável. Se você, no entanto, prefere uma visão mais ampla das coisas, talvez não se sinta muito confortável com o viés limitado que temos do assunto. Como o autor fala no início da obra, a possessão demoníaca existe em várias culturas, mas o livro se dedica apenas ao lado cristão. Masss, considerando que o título da obra é Exorcismo, que é um ritual romano da Igreja, essa minha observação é facilmente descartada e de forma alguma desqualifica o trabalho brilhante do autor. Ele pesquisou, investigou, consultou todas as fontes disponíves, cavou o máximo que pôde e nos entregou um material de pesquisa e consulta maravilhoso. É o tipo de obra que Sam Winchester consultaria, se encontrasse disponível, para resolver algum caso de um adolescente possuído por um demônio – ou vários deles.

“Um dos braços de Robbie se moveu quase imperceptivelmente sob a correia. Ele deslizou a mão para fora da amarra. Ninguém percebeu quando o garoto estendeu a mão pela lateral da maca e, de alguma forma, soltou uma das molas. Hughes gritou e lutou para se levantar, o braço esquerdo pendendo flácido. Sangue manchava a sobrepeliz e a estola. O garoto tinha cortado o braço de Hughes do ombro ao pulso. Foram necessários mais de cem pontos para fechar o ferimento.”

Exorcismo não foi um livro escrito para deixá-lo aterrorizado, mas se você consegue trazer o que lê para a realidade com muita facilidade, sugiro que não o leia durante a noite. Tenha em mãos também um bloquinho de notas para anotar o tanto de coisa interessante que saltará aos seus olhos. Essa foi, para mim, uma leitura que não apenas concluí, mas também aprendi. Talvez o único pecado (rs) do autor tenha sido não ser totalmente impessoal. Suas pesquisas foram impecáveis, ele realmente mergulhou de cabeça neste trabalho... Mas deixou transparecer uma visão limitada de um assunto amplo demais. É o único porém que tenho a mencionar. Entretanto... Se você levar em conta que o nome do livro é um ritual que só existe na Igreja Católica, bem, apenas ignore essa última observação e siga sua vida. O livro é maravilhoso dentro do que propõe.
Ah, e pelo amor de Deus, NÃO USE AQUELE OUIJA. Eu não acredito muito, mas nada de arriscar, né?


“Especular sobre as intenções dos demônios é um risco lógico e teológico porque nunca se sabe quando o Príncipe das Mentiras está dizendo a verdade.”


Opinião final

Aproveite o trabalho primoroso de Thomas B. Allen nessa obra que é obrigatória para todo mundo que se sente interessado por casos de possessão demoníaca e curiosidades sobrenaturais. De quebra sua bagagem intelectual ainda sai mais pesada, porque é inevitável não aprender uma ou duas coisinhas para a vida, especialmente sobre a Igreja Católica. Se você tem medo do assunto, essa obra de não-ficção é tratada sob um ponto de vista tão imparcial e racional que o sobrenatural deixa de parecer absurdamente aterrorizante. O bônus, O Diário do Exorcista, é uma das melhores partes do livro e colocará sua imaginação para trabalhar bastante enquanto você lê as transcrições do que ocorreu naqueles dias.

“Um exorcista tem que tocar o mal, respirá-lo, se concentrar nele. Um padre se vê como um ser vivo trabalhando ao lado de Deus. Para agir contra o diabo, um exorcista penetra nas sombras profundas e tateantes do mal. Quando ele aparece, os demônios focam o mal nele. O padre exorcista, apesar de se considerar um agente do bem auxiliado pelo Deus todo-poderoso, se vê ao mesmo tempo como um mero humano sendo posto à prova contra um inimigo imponente e com longa experiência em perpetrar a maldade.”




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