Viver sem ler é perigoso.

Me Livrando 08: O Dragão de Gelo


 

Título do Livro: O Dragão de Gelo
Autor: George R. R. Martin
Editora/Tradução: LeYa/Gabriel Brum
Páginas: 128
Ano: 2014
Onde comprar: Livraria Cultura || Saraiva || Submarino || Livraria da Folha.
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O dragão de gelo era uma criatura lendária e temida, pois nenhum homem jamais havia domado um. Quando sobrevoava o mundo, deixava um rastro de frio desolador e terras congeladas. Mas Adara não tinha medo, pois ela era uma criança do inverno, nascida durante o frio mais intenso de que alguém tinha memória. Adara não se lembrava de quando viu o dragão de gelo pela primeira vez. Parecia que a criatura sempre estivera em sua vida, avistada de longe enquanto ela brincava na neve gelada durante muito tempo depois de as outras crianças terem fugido do frio. Aos quatro anos ela o tocou, e aos cinco montou no dorso imenso e gelado do dragão pela primeira vez. Então, aos sete anos, em um dia calmo de verão, dragões de fogo vindos do norte desceram sobre a fazenda pacífica que era o lar de Adara. E apenas uma criança do inverno - e o dragão de gelo que a amava - poderiam salvar o seu mundo da completa destruição. O dragão de gelo marca a muito esperada estreia de George R.R. Martin na literatura infantil. Com ilustrações fantásticas do aclamado artista Luis Royo, O dragão de gelo é uma história inesquecível de coragem, amor e sacrifício, escrita por um dos autores de fantasia mais celebrados de todos os tempos. Nasce um clássico!


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"Adara gostava do inverno mais do que tudo, pois quando o mundo esfriava, o dragão de gelo aparecia. Ela nunca teve muita certeza se era o frio que trazia o dragão de gelo ou o dragão de gelo que trazia o frio"

            Por alguma razão, George R.R. Martin é um dos poucos autores capaz de escrever sobre dragões de uma forma natural e que parece fazer todo o sentindo. Pelo menos é isso que sinto ao ler As Crônicas de Gelo e Fogo e, agora ao reler o pequeno conto O Dragão de Gelo, para escrever essa resenha.
            Dividido em apenas oito capítulos, a obra conta com parcas 120 páginas, que se editadas de outra forma provavelmente seriam apenas 80. Você provavelmente lerá em uma sentada (expressão utilizada no sul do Brasil que quer dizer ler de uma vez só, sem pausas). A edição conta com letras grandes, pausas bem colocadas, e as belas ilustrações do espanhol Luis Royo, que trazem à vida a estória de Adara e seu inusitado amigo, o dragão de gelo.
            Adara é a caçula dos três filhos de John - apenas John, lembrem-se que se trata de um conto infantil, então sobrenomes não são muito importante. Um fazendeiro humilde e esforçado que ama profundamente seus filhos, especialmente a pequena Adara.  Seus irmãos Geoff e Teri são crianças normais e alegres, mas Adara sempre foi diferente. É uma menininha quieta e séria, que nunca chora ou sai para brincar com outras crianças.
            Sua mãe Beth morreu ao lhe dar à luz durante uma tempestade furiosa de inverno, e todos acreditam que este acontecimento marcou a aparência e a personalidade de Adara. Ela é uma criança do inverno, pálida e gelada. Se isso é uma benção ou uma maldição, o autor não deixa muito claro, mas é bastante claro que ela não se encaixa no contexto que a cerca.

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"Diziam também que o frio havia entrado em Adara no útero, que sua pele era azul-clara e gelada ao toque quando nasceu e que jamais havia se aquecido após todos esses anos. O inverno a tocara, deixara nela sua marca e tomara a garota para si." 
            A leitura desta obra se desenrola de forma muito agradável e fácil, como é esperado em um livro infantil. Acompanhamos as aventuras de Adara quando sua estação do ano favorita finalmente chega. Inverno após inverno vemos a pequena protagonista se divertindo sozinha pela floresta gelada, construindo castelos de neve, brincando com criaturinhas estranhas e procurando pelo dragão de gelo.
            Dragões são criaturas bastante comuns neste mundo, mas os de gelo não. As pessoas os veem como lendas, prelúdios de invernos rigorosos e outras coisas ruins. Mas não Adara. A garotinha se sente ligada a ele e cultiva uma fascinação pela criatura misteriosa que todos temem.

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"Os sorrisos de Adara eram de uma reserva secreta, e ela os gastava apenas no inverno. Mal podia esperar que seu aniversário chegasse, e, com ele, o frio. Pois no inverno ela era uma criança especial."

            O livro não faz nenhuma referência específica sobre o mundo que Adara habita, sabemos que uma guerra vem se desenrolando desde antes da menina nascer e é só. Seria um mundo totalmente paralelo ao das Crônicas? As estações do ano parecem correr de forma normal, como as do mundo real, mas um país repleto de dragões que são usados como montarias de batalha... Isso se parece com Valyria, não é? Talvez um dia George nos dê a resposta!


Minhas Impressões
            O Dragão de Gelo é uma forma rápida e fascinante de introduzir à uma criança - com pelo menos 10 anos, imagino - o mundo fantástico das estórias de George R.R. Martin. Ainda assim, certos aspectos do livro o tornam um pouco estranho e pesados, se considerado apenas como um conto infantil. A temática em si é sombria se comparada a outros livros do gênero.
            Este é, com toda certeza, um livro que gostaria de ler para meus filhos - quando eles forem velhos o bastante para entender o que são corpos mutilados e porque alguém abandonaria um morto à beira de uma estrada -, mas uma certa maturidade é necessária para entender a estória.   
            Consigo visualizar uma conversa bastante sensível de uma mãe explicando para seu filho por que o pai de Adara diz amar seus filhos desigualmente ou, por que ele chora ao pensar em como sua caçula é diferente dos irmãos e não retribui seu amor. Aos papais e mamães leitores do blog, recomendo lerem esta obra sozinhos primeiro, antes de compartilhá-la com seus pequeninos.
            Apesar de possui uma narrativa bastante simples, se comparada a outras obras do autor, este livro não perdeu nem um pouco da descrição crua e ao mesmo tempo mágica que George dá a seus mundos. Para os fãs do autor este é sem dúvida um livro indispensável de se ter na estante, pede por uma tarde chuvosa de inverno, um cobertor e um chocolate quente.






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