Resenha || A Menina Submersa: Memórias
Título do Livro: A Menina Submersa: Memórias
Autor: Caitlín R. Kiernan
Editora/Tradução: DarkSide Books/Carolina Caires Coelho
Páginas: 320
Ano de Publicação: 2015 (Limited Edition)
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Livro cedido em parceria com a editora.

Sinopse “Com uma narração intrigante, não-linear e uma prosa magnífica, Caitlín vai moldando a sua obsessiva personagem. Imp é uma narradora não-confiável e que testa o leitor durante toda a viagem, interrompe a si mesma, insere contos que escreveu, pedaços de poesia, descrições de quadros e referências a artistas reais e imaginários durante a narrativa. Ao fazer isso, a autora consegue criar algo inteiramente novo dentro do mundo do horror, da fantasia e do thriller psicológico. A epígrafe do livro, retirada de uma música da banda Radiohead – “There There” –, diz muito sobre o que nos espera: “Sempre há um canto de sereia lhe seduzindo para o naufrágio”. A Menina Submersa é como esse canto, que hipnotiza até que tenhamos virado a última página, e fica conosco para sempre ao lado de nossas melhores lembranças.”
India Morgan Phelps, ou Imp, carrega a maldição da família: avó, mãe e filha, todas consideradas loucas - “Eu. Rosemary Anne. Caroline. Três mulheres loucas, em sequência”.
Imp sofre de esquizofrenia desorganizada e, embora receba tratamento, por vezes não consegue diferenciar o que é real do que é imaginação ou o momento que determinado fato aconteceu – ou que ela imaginou acontecer –, mantendo uma linha do tempo completamente desorganizada.
Depois do aparecimento da(s) misteriosa(s) Eva Canning – ela não tem certeza se são uma ou duas Evas – e de ser abandonada pela namorada, Imp decide expurgar seus fantasmas escrevendo um livro de memórias, mas não um livro para ser publicado ou lido por outras pessoas, porque, segundo ela, assombrações podem ser contagiosas.
E este é o nosso livro, narrado em primeira pessoa por alguém não completamente sã, que não tem certeza se algo realmente aconteceu ou quando aconteceu e que não se importa nenhum pouco em seguir uma linha de raciocínio, se está divagando, procrastinando, demorando ou se interrompendo – supostamente estamos lendo o livro que Imp escreveu, mas ela interrompe a narração diversas vezes para fazer comentários e conversar consigo mesma.
Mas a história é minha, não é? Sim, então é minha para eu contar como eu quiser. É minha para demorar, procrastinar e chegar a qualquer ponto em particular no meu próprio e doce tempo. Não há um leitor fiel para apaziguar, somente eu e apenas eu.
Confesso que o livro não me conquistou, a narração não linear e cheia de interrupções fez eu me sentir um pouco perdida durante a história, até agora não tenho certeza de ter entendido totalmente algumas partes. Isso, aliado a quase completa falta de ação e algumas passagens bem cansativas, quase me fez desistir da leitura diversas vezes.
No começo do livro, Imp nos diz que esta será uma história sobre fantasmas e sereias. Se você pretende ler esse livro, têm que ter em mente que esses fantasmas não são os fantasmas sobrenaturais com que estamos acostumados, eles estão mais para “fantasmas do passado”, pensamentos e acontecimentos que ainda a atormentam. Então, não inicie a leitura esperando uma história de terror ou assustadora, porque você vai se decepcionar. Mas a sereia talvez seja verdadeira, ou não. Seriam apenas delírios de uma mente perturbada ou haveria mesmo algo de sobrenatural nessa história? Ao mesmo tempo em que Imp não é uma fonte muito confiável, Eva pode ser considerada no mínimo muito estranha, mesmo aos olhos de outras pessoas. Imp nunca saberá e nós nunca saberemos.
Em contraponto, o livro é cheio de personagens femininas fortes e bem desenvolvidas – na verdade, não possui nenhum personagem masculino digno de ser lembrado. O que eu mais gostei no livro foram às dezenas de referências, citações e curiosidades. Eu passei basicamente o livro inteiro dando uma “googlada” pra saber mais sobre elas – vocês sabiam que a boca mais beijada no mundo é a da L’Inconnue de La Seine, uma suicida não identificada encontrada nas margens do rio Sena por volta de 1880?
Em contraponto, o livro é cheio de personagens femininas fortes e bem desenvolvidas – na verdade, não possui nenhum personagem masculino digno de ser lembrado. O que eu mais gostei no livro foram às dezenas de referências, citações e curiosidades. Eu passei basicamente o livro inteiro dando uma “googlada” pra saber mais sobre elas – vocês sabiam que a boca mais beijada no mundo é a da L’Inconnue de La Seine, uma suicida não identificada encontrada nas margens do rio Sena por volta de 1880?
Este livro é o que é, o que significa que ele pode não ser o livro que você espera que seja.
Esse não é um livro para qualquer pessoa, com certeza não foi um livro para mim. Mas também não é um livro que tenha “erros”. Na verdade, ele é exatamente o que eu esperaria de um livro escrito por uma esquizofrênica. Então, se depois de ler essa resenha, você ainda quiser lê-lo, meu conselho é que vá em frente, conheço pessoas que amaram o livro com a mesma intensidade que eu odiei.
Sobre a edição limitada da DarkSide Books: é maravilhosa, simplesmente o livro mais bonito da minha estante. A capa é perfeita, linda, dura e em alto relevo. A diagramação é cheia de detalhes e desenhos, as letras têm tamanho e fonte confortáveis à leitura. As folhas são amareladas. O livro vem com uma fitinha cor de rosa para marcar a página – além de vir acompanhado por um marca página de papel e uma folha para colorir. A borda cor de rosa é o toque final para deixar o livro perfeito – e quase me fazer dar pulinhos quando o livro chegou.
Este post foi escrito por Alexia Bittencourt.
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