Viver sem ler é perigoso.

Resenha || Ciclo das Trevas - A Lança do Deserto, a empolgante continuação de O Protegido


  Título da Série: Ciclo das Trevas
  Título do Livro: A Lança do Deserto (2º livro)
  Autor: Peter V. Brett
  Editora/Tradução: DarkSide Books/Dalton Caldas
  Páginas: 736
  Ano de Publicação: 2015
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  Outras resenhas da série: O Protegido (1º livro)
  Livro cedido em parceria com a editora.
  

Sinopse O sol está se pondo sobre a humanidade. A noite agora pertence aos demônios vorazes, que se alimentam de uma população cada vez menor, obrigada a se esconder atrás de símbolos esquecidos de poder. As lendas falam de um Salvador: um general que certa vez reuniu toda a humanidade e derrotou os demônios. Mas seria o retorno do Salvador apenas mais um mito? Ahmann Jadir é o líder das tribos reunidas do deserto. Sua lança e sua coroa ancestrais são os argumentos de que precisa para proclamar a si mesmo Shar’Dama Ka, o Salvador. Os habitantes do norte discordam. Para eles, o Salvador não é outro senão o Arlen Bales, Protegido. Houve um tempo em que Shar’Dama Ka e o Protegido eram amigos. Agora são adversários violentos e cruéis. Mesmo que antigas lealdades sejam colocadas à prova e novas alianças sejam criadas, a humanidade ainda não tem consciência do aparecimento de uma nova espécie de demônio, mais inteligente e mortal que todos os que existiam até então. Ainda existe luz na escuridão. Use-a para enfrentar os demônios do Ciclo das Trevas.

A Lança do Deserto foi a leitura mais prazerosa que já tive em termos de fantasia épica. Até mesmo mais do que O Nome do Vento e O Temor do Sábio, que apesar de ainda serem meus livros favoritos, não me deixaram tão ansiosa por cada página e acontecimento por vir como fiquei com esse livro.
Rojer Faltadedo.
Se em O Protegido o ritmo foi frenético e Leesha Papiro, Arlen Bales e Rojer Faltadedo mal tiveram tempo para pensar em qualquer outra coisa exceto na ameaça que pairava – e ainda paira – sobre todos, em A Lança do Deserto foi diferente. Aqui você acompanha muito além do desenvolvimento desses personagens: também entra na cabeça de cada um e os conhece como pessoas, e não como humanos desesperados tentando não morrer. Há espaço para conflitos amorosos, questionamentos existenciais e demonstrações de foderosidade em níveis ainda não vistos. Arlen se sente cada vez mais demônio, inclusive se incomodando com a luz do sol e se sentido atraído pelos caminhos subterrâneos das Profundas; Rojer está mais habilidoso e audacioso do que nunca – e mais inseguro também, o que parece contraditório, mas não é; Leesha passou de simples curandeira da Clareira do Salvador a uma personagem dura como aço valiriano com poderes incríveis que rivalizam inclusive com os da mais poderosa Damaji (algo como uma feiticeira) de Krasia.


Arlen Bales e Ahmann Jardir. Quem é o Salvador?

Mas agora voltemos ao começo do livro. Lembram-se de Ahmann Jardir? O maldito que traiu Arlen, roubando-lhe a lança protegida, e o deixou para morrer no deserto? Você deve tê-lo odiado como eu odiei, como o próprio Arlen odiou... E isso muda um pouco no segundo livro. Não que Jardir seja um ser humano exemplar – mas você finalmente irá compreender que para os padrões de Krasia, ele é justo, leal e um ótimo líder. Erra algumas vezes, de fato, mas a culpa disso está nas mãos da Damaji, sua Jiwah Ka (primeira esposa) Inevera, que em minha opinião deixa muitos terraítas no chinelo... E ok, eu posso não gostar dela, mas confesso que o núcleo de Krasia mostrou-me que ao menos respeito ela merece. Se não fosse pela mulher, Jardir nunca teria chegado onde chegou. É estranho e bizarro ver que Inevera dá cada passo pensando no reflexo que ele terá em cinco, dez anos. Ela é calculista, inteligente e ardilosa. Quer alcançar o poder e não hesita em esmagar qualquer centelha de ameaça que surja. Tudo o que existe de ruim em Jardir só existe porque assim Inevera deseja. Cada atitude que ele toma, a princípio, culmina em algo que ela queria desde o início. Mas enfim chega o momento em que ele toma as rédeas da própria vida, enquanto move os krasianos para longe do Forte Krasia em direção às terras verdes, procurando guerreiros para lutar sua Guerra Diurna.



Renna Tanner.
Outra personagem que se destaca é Renna Tanner, desenterrada do passado quando Arlen resolve visitá-lo. Ele está viajando por Thesa sem revelar quem de fato é para entregar armas protegidas aos thesanos. Duas pessoas o reconhecem, a despeito das tatuagens de proteções em todo seu corpo: Elissa, com quem morou em Forte Miln (lembram do Ragen, o mensageiro?) e Renna, que o reconhece quando ele visita o Riacho Tibbet. Mas nós a vemos antes diso, acompanhando o que aconteceu com ela após Arlen fugir até o momento em que ela passa a viver sozinha com o pai. Uma das partes mais revoltantes e nojentas do livro tem essa personagem fascinante no centro. O que ela se torna depois que encontra Arlen irá surpreender você.






O demônio da mente e seu imitador.
Tenho apenas uma pergunta a fazer: que livro foi esse? Eu acabei e não queria que tivesse acabado. Melhor do que O Protegido? Com certeza! A escrita de Peter V. Brett evoluiu e novos terraítas foram introduzidos na história – dois deles têm ponto de vista, inclusive: são demônios da mente, Princípes das Profundas, manipuladores de humanos e sempre montados em seus imitadores (fica claro o quanto eles serão importante mais adiante). Além disso, vemos em A Lança do Deserto um pouco de trama política, o que tornou o livro melhor ainda. As decepções e complicações amorosas existem e humanizam cada personagem, embora estejam quase sempre relacionadas a algo mais interessante – ou seja, as cenas que deveriam ser românticas acabam sendo cenas de muita ação com um pouquinho de romance no meio, que está longe de ser o foco. Adorei conhecer um pouco mais da cultura krasiana e aprendi a admirar a trajetória de Ahmann Jardir, o Shar’Dama Ka ou Salvador renascido, segundo os krasianos. O sistema de magia se mostrou um pouco mais complexo, além de conhecermos uma nova vertente dessa magia – a de Inevera. O worldbuilding também foi mais explorado até porque um novo universo nos foi introduzido.



A Lança do Deserto é um livro extenso, então recomendo a você lê-lo quando tiver tempo, pois os capítulos terminam de modo tão estratégico que para mim era um sacrifício ter de parar de ler na hora de dormir. Encontrei alguns erros de revisão e me confundi um pouco na primeira parte, quando os títulos krasianos eram usados, mas logo você acostuma e isso deixa de incomodar. A ansiedade para o próximo volume? É, está grande sim. Talvez eu leia em inglês mesmo porque levei um mega spoiler e quero ver como acontece. Posso afirmar uma coisa: The Daylight War irá nos fazer sofrer muito.







     

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