Viver sem ler é perigoso.

Resenha || Os Senhores dos Dinossauros – e porque uma obra tão aguardada me decepcionou



  Título da Série: Os Senhores dos Dinossauros
  Título do Livro: Os Senhores dos Dinossauros (1º livro)
  Autor: Victor Milán
  Editora/Tradução: DarkSide Books/Alexandre Callari
  Páginas: 480
  Ano de Publicação: 2015
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  Livro cedido em parceria com a editora.
  

Sinopse “Em “Os Senhores dos Dinossauros”, Victor Milán consegue materializar um sonho que milhares de leitores compartilham secretamente desde a infância: cavalgar os gigantes répteis pré-históricos, como o terrível Tiranossauro Rex. O romance se passa no Império da Nuevaropa, um continente claramente inspirado na Europa do século XIV. Cultura e costumes, religião, conflitos políticos, tecnologia e armamento são compatíveis com o último período da Idade Média. Mas neste mundo, construído pelos Oito Criadores, os dinossauros também fazem parte do arsenal de guerra.
Os Senhores dos Dinossauros é o primeiro livro de uma Trilogia desenvolvida por Victor Milán, autor de mais de 100 romances de ficção científica e fantasia. Ele também é um dos fundadores e coescritores do projeto Wild Cards, de Melinda M. Snodgrass e George R. R. Martin. O autor de Guerra dos Tronos, amigo pessoal de Milan, define o que os leitores podem esperar de Os Senhores dos Dinossauros: “É como um encontro de Jurassic Park com Game of Thrones.”
A luxuosa edição brasileira de Os Senhores dos Dinossauros vem em capa dura, com ilustrações originais de Richard Anderson, artista que desenvolveu concepts para filmes de Hollywood como Os Guardiões da Galáxia, Thor: O Mundo Sombrio, Gravidade e Prometheus.”


           Logo de cara você é arremessado numa guerra. Isso, exatamente como arremessei você nessa resenha (na verdade um pouco pior). Sangue, gritos, fedor de morte por todos os lados. Você se sente meio perdido, e é somente quando os personagens interagem que retalhos do que está acontecendo são apresentados a você: é uma batalha entre os Príncipes Rebeldes e os mercenários contratados pelo imperador Felipe Delgao. Outros personagens nos são apresentados nesse início: entre eles os principais, Rob Korrigan (menestrel e senhor de dinossauros), e o voyvod Karyl Bogomirsky com sua montaria, um aulossauro do sexo feminino chamado Shiraa. Também conhecemos Jaume Llobregat, cujo título quase compete com o de Daenerys Targaryen (e é tão detestável quanto): Conde das Flores e Capitão General da Ordem dos Companheiros de Nossa Senhora do Espelho. Há ainda o duque Falk von Homberg, que tem como montaria um tiranossauro rex albino.


        Ok, agora voltemos à batalha. Bem no meio dela acontece uma reviravolta que muda não somente o destino da guerra, mas o de todos que nela estavam. É o que as traições fazem, não? Alteram o curso das coisas de modo alarmante. Jaume é arrancado de sua zona de conforto, Rob é enviado numa missão para procurar Karyl, que todos pensam estar morto – e está perto disso, na verdade. Não podemos esquecer da ninfomaníaca (ok, ela só pode ser isso) Melodía, esposa de Jaume e filha do Imperador, que se vê em tentativas desesperadas de refrear as atitudes do pai. E assim segue o livro.
         Antes de partir para a minha opinião, preciso estabelecer a diferença: os senhores dos dinossauros não são nem de perto incríveis como o título dá a entender. São, na verdade, uma espécie de tratadores das criaturas. Quem faz parte da cavalaria são os cavaleiros dos dinossauros. Senti que precisava esclarecer isso a vocês porque eu mesma me iludi com o título.




           Minha opinião sobre Senhores dos Dinossauros éEu não tinha ideia sobre como começar essa resenha, e francamente nem estava com vontade de iniciá-la. Não gosto muito de resenhar negativamente... No entanto, se eu não fosse sincera sobre Senhores dos Dinossauros, me sentiria mal com vocês, sabem? Porque estaria sendo omissa e deixando de contribuir com minha opinião para a decisão de vocês de comprar ou não... Afinal, é uma edição tão linda que eu teria comprado imaginando que estava diante do melhor livro do ano.
           Não, gente. Não é bem assim. Senhores dos Dinossauros foi uma grande decepção não apenas para mim, mas para tantos outros amigos que compraram o livro por conta do hype em cima dele – Game of Thrones com dinossauros? Incrível! O Martin recomendou? Deve ser perfeito! Eu mesma entrevistei Victor Milán, uma pessoa incrível e fofa, que me deixou ansiosa pelo lançamento. Ele pareceu uma criança quando soube da repercussão que a divulgação da DarkSide estava tendo aqui no Brasil... E acho que isso colaborou para a decepção dos leitores. Com tantas postagens e conjecturas sobre a publicação do livro – inclusive incentivadas por mim, que estava empolgada –, Milán passou a carregar o imenso peso das nossas expectativas, e infelizmente não conseguiu erguê-las do chão por muito tempo.
           Ele não é novato na seara literária, mas pareceu que sim quando li o seu livro. Ou talvez seja o seu estilo de escrita – que deve funcionar muito bem quando escreve ficção científica, mas deu um nó na minha cabeça ao tratar de fantasia. Não me agradou: a narrativa de Milán não combinou com o meu gosto pessoal. Só para começar, reli o primeiro capítulo algumas vezes, então finalmente desisti e fui perguntar a amigos o que estava acontecendo. Eu estava mais confusa que os próprios combatentes em meio a uma batalha que não sabia se prosseguia ou recuava, com personagens que ora davam a impressão de estar de um lado, ora de outro. E isso se repetiu durante toda a leitura, sabem? Eu perdia o fôlego, mas não de um jeito bom, quando saía da ação e já estava na mais absoluta calmaria. Detalhes desnecessários tiravam minha atenção da leitura. Ele descreve bem, mas pelo menos nesse livro não soube o momento certo de encaixar as descrições mais extenuantes. Isso, por tabela, me extenuou.



           Agora vamos à comparação com Game of Thrones: oi? Entre os apreciadores de As Crônicas de Gelo e Fogo há um consenso: o que mais admiramos na obra de Martin são as tramas e subtramas políticas que tecem uma confusão infindável provocadora de inúmeras (e sofridas) mortes. Não há isso em Senhores dos Dinossauros. Ah, e o sexo... Em ASOIAF tem algum sentido, não é aleatório como a série dá a entender. Já em Senhores dos Dinossauros, você tem a impressão de que o autor as colocou parecendo seguir uma regra, sabem? Só para ter e pronto. Além de tudo, os dinossauros foram tão pouco exploradas no livro que é injusto comparar com Jurassic Park. Delegaram a eles o papel de meros coadjuvantes! Poderiam ser substituídos por cavalos que não faria diferença. Uma obra que chama atenção por conter dinossauros deveria saber explorar muito bem o seu ponto mais forte.
           Enfim... Como vocês podem ver, o livro definitivamente não funcionou pra mim. Foi uma ideia fantástica, que todos ficaram fascinados ao ver – existe algo mais legal que cavaleiros medievais montados em dinossauros? –, mas que não foi executada de modo que atendesse às expectativas que a divulgação criou. Além disso, senti falta daquela apresentação gradativa dos elementos fantásticos que é típica em qualquer livro que inaugura uma série assim. Mas pelo menos no início de cada capítulo éramos apresentados aos mais variados dinossauros – o que achei bem legal, confesso – e pude me apegar a alguns personagens (embora tenha gostado mais da Shiraa, a “dinossaura” de Karyl). Se eu vou ler o próximo volume? Tentarei. Afinal, a escrita não passa de um constante processo de aperfeiçoamento. Milán merece uma segunda chance, pois embora tenha falhado um pouco na narração, provou que sua criatividade pode proporcionar mundos e histórias interessantes.

OBS irrelevante: Milán escreveu para Wild Cards, a antologia organizada por Martin cujo primeiro livro foi minha pior leitura de 2014... Mas eu só fiquei sabendo disso depois. :p



           Sobre a edição: São 480 páginas que infelizmente levei mais de um mês para ler. Temos a capa dura, claro, que são marcas da qualidade editorial da DarkSide. Eles também criaram uma espécie de brasão (que você pode ver acima) para a série, que aparece sempre que há oportunidade - contracapa, inícios dos capítulos, divisão das partes. Encontrei alguns erros de revisão, mas bem poucos, até onde recordo. Da edição em si não há o que reclamar. Absolutamente linda.




Livros da série: Os Senhores dos Dinossauros || The Dinosaur Knights (previsão para 2016 no exterior).
           





     

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